A cidade de Luiz Alves, no Vale do Itajaí, quer o selo de Indicação Geográfica à banana plantada e cultivada no município. O pedido, que pode reconhecer a qualidade do produto, foi feito no início da última semana ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A certificação, semelhante àquela que já existe em Corupá, no Norte do Estado, seria para a banana nanica.

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A Indicação Geográfica aponta a origem de um produto que apresenta qualidade única atribuída aos recursos naturais e aos recursos humanos. Esse reconhecimento pode ser feito de duas formas: Indicação de Procedência (IP), quando a região se torna conhecida pela produção, ou a Denominação de Origem (DO), que identifica o produto por suas características relacionadas ao meio, sejam por fatores naturais ou humanos.

O selo conferido à produção de Corupá é DO devido ao clima e ao solo em que a banana é cultivada, tornando o fruto 25% mais doce do que os demais encontrados no Brasil.

A certificação para a produção de Luiz Alves foi solicitada pela Associação de Bananicultores de Luiz Alves (ABLA), Sebrae e a prefeitura. O pedido encaminhado ao INPI é para que o cultivo da banana nanica da região seja reconhecido pela qualidade, ou seja, o selo de Indicação de Procedência. O engenheiro agrônomo da Epagri, Bruno Salvador, que trabalha com o cultivo de banana há cinco anos, explica que para que o selo seja conferido é necessário que os produtores sigam uma série de orientações no processo da cultura. Entre as medidas estão o cadastro da propriedade, padrão da fruta como cor, comprimento e diâmetro, critérios de higiene para a embalagem, práticas conservacionistas e a atualização do caderno de campo, onde são registrados todos os processos do cultivo.

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— Os bananicultores já seguem muitas dessas orientações, porque alguns são exigidos para a exportação — comenta Salvador.

A produção de bananas de Luiz Alves abrange as cidades vizinhas, como Piçarras, Navegantes e Ilhota. De acordo com a ABLA, em 2021, 20% da produção foi exportada para a Argentina, outros 22% para o Uruguai e o restante para estados do Brasil.

A expectativa é de que o processo do selo seja concluído em 2023. Enquanto isso, a ABLA orienta os 360 agricultores associados para um melhor cultivo do fruto. Bertolino Vilvert, presidente da Associação e produtor, avalia que a certificação agregaria mais valor ao fruto e atrairia maior atenção do mercado externo.

Produção de bananas em Santa Catarina

O Estado produz, em maior quantidade, as bananas dos subgrupos Cavendish (Nanica) e Prata, além do tipo Maçã, Terra e Figo. O fruto que busca o selo de IG em Luiz Alves pertence ao subgrupo Cavendish.

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Segundo dados da Epagri/Cepa, na safra 2017/18, a produção catarinense de banana foi de 732,2 mil toneladas. Já na safra 2020/21, sofreu uma redução para 489,5 mil toneladas. Isso aconteceu devido à passagem do ciclone bomba, no mês de julho de 2020. O fenômeno meteorológico causou o tombamento de diversas bananeiras. Bruno Salvador observa que o impacto foi de cerca de 50% da produção de Luiz Alves. Para a recuperação do plantio, os bananicultores contaram com programas da Secretaria da Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural que ofertaram créditos com juros menores.

Neste período, o economista da Epagri/Cepa, Rogerio Junior, destaca que a safra também foi impactada pela redução da demanda da fruta. Isso aconteceu devido à baixa procura para a merenda escolar e grandes restaurantes, como centros industriais e universidades, fechados com a necessidade de isolamento na pandemia. 

Santa Catarina é o quarto maior produtor de bananas do Brasil. Em 2021, a região do Norte Catarinense e Vale do Itajaí somaram 87% da produção estadual e o Sul Catarinense os outros 13% da produção comercial, segundo dados Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). Em relação a produção municipal, estimada para a safra 2021/22, com base nos dados do Infoagro (Epagri/Cepa e SAR), Corupá (21%) e Luiz Alves (18%) lideram o ranking de maiores produtores no Estado.

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