Juiz mais notório da Espanha, conhecido mundialmente por expedir um mandado de prisão contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, Baltasar Garzón foi condenado nesta quinta-feira na Espanha a 11 anos sem poder exercer a profissão por ter ordenado escutas ilegais. A sentença pode decretar o fim da carreira do magistrado de 56 anos que esteve três vezes no Rio Grande do Sul na última década para palestrar no Fórum Social Mundial e em eventos de segurança pública.

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O Supremo Tribunal espanhol condenou o magistrado a “11 anos de inabilitação especial para o cargo de juiz, com a perda definitiva do cargo que ostenta e das honras que a este são vinculadas”, segundo a sentença.

A alta corte o julgou em meados de janeiro por ter comprometido o direito de defesa por ordenar a gravação de conversas na prisão entre advogados de defesa e seus clientes, supostos organizadores de uma rede de corrupção que em 2009 envolveu lideranças do Partido Popular (PP), que governa hoje a Espanha.

Isto significa o fim da polêmica carreira do juiz espanhol, mundialmente conhecido pela detenção do ex-ditador chileno Augusto Pinochet em 1998, em Londres, e suspenso de suas funções na Espanha desde maio de 2010.

O mesmo tribunal deve ditar a sentença na quarta-feira de outro julgamento contra o magistrado, acusado por dois grupos de ultradireita espanhóis de ter tentado investigar o destino de mais de 114 mil desaparecidos durante o franquismo, apesar de uma lei de Anistia de 1977.

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A coincidência destes casos contra Garzón, e a existência de um terceiro para o qual ainda não foi anunciado julgamento, levaram seus partidários a denunciar uma manobra política contra um magistrado, cujas ousadas investigações lhe renderam vários inimigos.