A quantidade de turistas que passa a temporada em Balneário Camboriú pode ser menor do que a indicada pelos números da prefeitura. A diferença ocorre porque o volume de lixo produzido por pessoa, usado como parâmetro para calcular o número de visitantes, está defasado. O município calcula 700 gramas de lixo diário por turista – 156 gramas a menos do que o recomendado por órgãos especializados.

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O equívoco reflete em números: se fosse usado o parâmetro correto, o total de visitantes divulgado em janeiro deste ano cairia de 742 mil para 585 mil – uma diferença de 21%.

– É um cálculo político, de mídia, mas aumenta a responsabilidade do município. Seria interessante que fosse correto porque pode dar uma noção melhor da infraestrutura necessária para receber os turistas – diz a coordenadora do mestrado em turismo e hotelaria na Univali, Doris van de Meene Ruschmann.

O cálculo do volume de lixo por pessoa é estimado com base em dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. Nos últimos anos houve uma elevação no volume de coleta, que levou à definição de 887 gramas por habitante ao dia em todo o Sul do país.

Comparação

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Desde o ano passado, Balneário passou a aumentar gradativamente a média de lixo por pessoa como base de cálculo. Em 2012, a cidade usava como parâmetro 650 gramas por pessoa. Este ano o índice foi reajustado para 700 gramas – ainda assim, longe do volume ideal para cálculo.

– Nem todas as cidades usam o parâmetro correto. Queremos aumentar ano a ano, para nos aproximarmos o máximo do ideal – diz a diretora-geral da Secretaria Municipal de Turismo (Sectur), Jamile Santana.

Segundo ela, o índice não é reajustado de uma vez só para que não cause uma impressão errada em relação ao mercado de turismo, já que a adoção de um volume maior de lixo por pessoa inviabiliza a comparação com anos anteriores. Em janeiro de 2012, com a média de 650 gramas de lixo ao dia, Balneário contabilizou 857 mil visitantes.

Para fins de comparação, o cálculo foi refeito usando, agora, a estimativa de 700 gramas por pessoa. O resultado foi que o volume turístico de janeiro do ano passado diminuiu para 742 mil. A expectativa da Sectur é chegar ao volume indicado pelos órgãos responsáveis para cálculo, de 887 gramas, em até quatro anos. Até lá, será possível recalcular os índices dos anos anteriores tendo como base de cálculo a nova estimativa.

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Fórmula leva em conta outros dados

O cálculo do volume de lixo produzido não é o único usado pela prefeitura de Balneário para estimar o número de turistas recebido. O município também conta com os dados do Posto de Informações Turísticas (PIT), que controla a entrada de ônibus de turismo, e tem servidores fazendo pesquisas nas ruas durante o ano. Além disso, contabiliza os dados de órgãos como o Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (Sindisol). Embora os números desta temporada ainda não tenham sido fechados, a diretora de hospedagem do Sindisol, Dirce Fistarol, diz que o verão foi bom – apesar de curto.

As estimativas balizam ações como a instalação de rede de água e esgoto, abastecimento de energia elétrica, coleta de lixo, segurança pública e projetos de melhorias de trânsito, além da capacidade de carga turística do município. Algo essencial para manter a qualidade do turismo e a intenção de retorno, segundo a doutora em Turismo Silvia Regina Cabral:

– Não adianta ter 100% de ocupação se não comportar a demanda.