A quinta-feira foi dia de correr contra o tempo no Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú. A morte de uma paciente de 43 anos por AVC, seguida pelo gesto caridoso da família, que aceitou a doação de órgãos, deu início a uma imensa operação de logística para auxiliar o maior número possível de pacientes. Embora os dados oficiais sejam sigilosos, a estimativa é que o óbito tenha auxiliado de três a cinco pessoas – um sopro de vida para quem depende de um transplante.
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A equipe médica veio de Blumenau e os órgãos seguiram para Florianópolis. No caminho, escolta da guarda municipal para agilizar o transporte. Quando se trata de transplante, cada minuto é precioso.
Esta foi a nona captação de órgãos feita pelo Hospital Ruth Cardoso desde 2013, quando passou a integrar a rede estadual – a segunda este ano.
O trabalho é penoso: é preciso convencer familiares, no auge da dor, a pensar em uma boa ação. A explicação de que a morte de um ente querido pode salvar vidas nem sempre é suficiente para quem vive o luto – ainda assim, os resultados no Ruth Cardoso estão acima da média, com quase 80% de convencimento.
Dalni Pereira, diretora de enfermagem do hospital e membro da equipe de captação, diz que os sentimentos se misturam entre a dor, a alegria e a pressa para fazer com que o esforço valha a pena.
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Para quem recebe os órgãos, é uma nova chance de recomeço. Para quem doa, apesar da perda, é a certeza de que, de alguma forma, a vida continua.
Multiplicado por 10
Santa Catarina está no topo do ranking da doação de órgãos, mas ainda há muita gente para ser ajudada. Quando todos os órgãos são passíveis de doação, um só paciente pode auxiliar até 10 pessoas de uma vez.