Tradicional escola de dança do Rio Grande do Sul, o Ballet Vera Bublitz completa 35 anos de atividade em Porto Alegre como um reduto de disciplina e concentração em meio à dispersão característica da era do excesso de informação.
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A data será comemorada em espetáculo com alunos neste sábado, às 18h30min, no Teatro CIEE. Este é um ano de festa: em fevereiro, a fundadora e diretora-geral Vera Bublitz completou 70 anos, e em maio sua filha Carlla Bublitz, diretora artística, fez 50 anos.
Nesta trajetória de sucesso, a escola se tornou sinônimo de balé em Porto Alegre, iniciando diversas gerações nesta arte. O segredo da permanência do balé no imaginário de pais e filhos até hoje? Vera explica:
– Tenho a impressão de que é por causa dos contos de fada presentes nas coreografias.
Essas histórias têm um poder muito grande para se tornarem resolutivas de conflitos internos das crianças, além de divertir, é claro. Nas aulas, as alunas têm de vir uniformizadas, de cabelo preso e não devem se atrasar. Vera conta que, há 15 anos, por pressão dos pais, afrouxaram as regras. Carlla discorda: acha que não chegaram a esse ponto. Mas elas concordam que foi preciso repensar valores.Decidiram que não era o caso de mudar, e não se arrependem.
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– Resolvemos que esta é uma escola para educar com amor e disciplina – conta Carlla.
Hoje, o Ballet Vera Bublitz tem cerca de 400 matriculados (apenas oito do sexo masculino), a metade do número de 20 anos atrás. Fundado em 1964, em Cruz Alta, e transferida para a Capital em 1979, a escola já formou cerca de 7 mil alunos. Conta, atualmente, com duas sedes na cidade. Sobre a diminuição no número de matriculados, Vera explica:
– Antigamente, a menina fazia apenas balé ou piano. Hoje, veio o futebol, o boxe. Outro aspecto é que o jardim de infância e a pré-escola têm turno integral, pois hoje as mães trabalham.
Segundo estimativa de Vera, menos de 1% dos alunos se tornam profissionais. Foi o caso de Carla Körbes, primeira bailarina do Pacific Northwest Ballet, em Seattle, nos Estados Unidos. A grande maioria divide a paixão pelo balé com suas profissões.
Dançando cada vez mais cedo
Hoje, o Ballet Vera Bublitz recebe alunos a partir de um ano e oito meses de idade. Antes, era preciso ter seis anos. A mudança começou há uma década, quando as diretoras perceberam que estavam perdendo uma clientela em potencial. Acreditavam que crianças na primeira infância acabavam em outras escolas de balé e que depois não conseguiriam recuperar estes alunos.
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Para lidar com a nova faixa etária, foi preciso um “estudo profundo de psicologia”, segundo Vera. Ela acredita que essa procura pela iniciação cada vez mais cedo tem a ver com uma valorização histórica da infância.
– O balé é para todos: baixos, altos, magros, gordos, com pé chato ou não – defende Vera.
– Tu levarias teu filho para arrumar os dentes em um dentista que não fosse profissional? É uma escola profissional, mas não exclusivamente para formar profissionais – argumenta Carlla.
Gala 35 anos
> Sábado (14/6), às 18h30min. Duração estimada: 90 minutos. Classificação: livre.
> Teatro CIEE (Rua Dom Pedro II, 861), fone (51) 3363-1111, em Porto Alegre. Onde estacionar: no teatro, a R$ 12.
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> Ingressos: R$ 40 (mezanino) e R$ 50 (plateia alta e baixa). À venda na bilheteria do teatro a partir das 14h.
> O espetáculo: apresentará trechos de grandes balés, como Romeu e Julieta, Dom Quixote e Noites de Walpurgis, recriados pela coreógrafa Carlla Bublitz. Estarão no palco 40 bailarinas e bailarinos de diferentes idades da escola Vera Bublitz. A direção-geral é de Vera. O espetáculo celebra os 35 anos de atividade da escola e também os aniversários de 70 anos de Vera e de 50 anos de Carlla.
Assista a vídeo em que Vera e Carlla relembram espetáculos da escola: