Uma gigante do oceano, a baleia-jubarte, conhecida pelos saltos e balés, vem todo o ano para o Brasil. Diferente das francas, elas permanecem mais acima no Litoral brasileiro, na altura do Banco dos Abrolhos, na Bahia. Em alguns anos atípicos essas baleias permanecem mais ao Sul do país, convivendo no hábitat natural da baleia-franca.
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A espécie vem se recuperando ao longo dos anos. Em 2002 3,5 mil baleias vinham para o Brasil. Hoje são mais de 20 mil. A população não é mais ameaçada de extinção.
Em 2021, essas baleias chegaram mais cedo no Litoral e estacionaram pelas praias do Sul. Com um comportamento mais brincalhão e aéreo, as jubartes têm impressionado os catarinenses privilegiados de assistir a seus shows. Saltos, mergulhos e movimentos com a nadadeira e com a calda são comuns para a espécie, que tenta se comunicar, observar, impressionar uma fêmea, se defender ou até espiar o que está acontecendo fora das águas.
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Os indivíduos juvenis são os que mais estão vindo para Santa Catarina. Mais novos, eles são curiosos e gostam de explorar os oceanos. Até um ano, o animal é considerado filhote e, depois dos cinco, quando atinge a maturidade sexual, já é adulto. A estimativa de vida de uma baleia-jubarte é de 60 anos.
A característica que mais chama atenção no animal e que pode ajudar a diferenciá-lo da franca é o tamanho da nadadeira peitoral: um terço do comprimento total do cetáceo.

Enquanto a baleia-franca acasala com diversos machos, a jubarte tem relações apenas com um. Quando o macho quer acasalar, ele começa a seguir a fêmea e ela passa a desviar para escolher o melhor par. O ciclo de reprodução dura dois anos. Nos primeiros 12 meses a baleia engravida e tem um filho, no segundo amamenta, e depois o ciclo é reiniciado.
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Resumidamente, os filhotes nascem no Brasil e ficam apenas mamando. No final da temporada, as mães e os bebês vão para as Ilhas Geórgia e Sandwich do Sul e o filhote aprende a rota de ida. Nas Ilhas ocorre o desmame e após oito meses o bebê que já tem quase um ano aprende a rota de volta para as águas quentes.
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O Projeto Baleia Jubarte, que ajuda na preservação dessa espécie, monitora os animais e registra os dados durante a temporada. Com sede na Bahia, o instituto avalia a situação das jubartes, que neste ano estão concentradas principalmente em Santa Catarina. A causa dessa espécie não ter migrado até o nordeste do Brasil em 2021 ainda é desconhecida, mas especialistas acreditam que as mudanças climáticas e a quantidade de alimentação disponível podem ter influenciado.
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Até o dia 23 de julho, 73 ocorrências de encalhes foram confirmadas no Brasil. O número supera o total de ocorrências registradas em 2020 (70). Santa Catarina lidera o ranking com 28 encalhes, um número recorde para o Estado, que até então tinha registrado no máximo 11 encalhes em apenas uma temporada, em 2016. Considerando todo o Brasil, 2017 foi o ano com mais encalhes: 122.
O diretor de pesquisa no Instituto Baleia Jubarte, Milton Marcondes, explica que como os indivíduos que vieram para o país são juvenis, a curiosidade pode atrapalhar a convivência no mesmo ambiente dos animais e dos pescadores, ocasionando muitas mortes e encalhes de baleias.
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Segundo o especialista, há indícios que os animais estejam ficando mais ao Sul em busca de alimentos, já que a região tem maior quantidade de krill e peixes pequenos do que o Nordeste, rico em diversidade. A Epagri adiciona outra explicação: a água do mar mais quente pode ter atraído as jubartes para o Estado.
O verdadeiro porquê de as jubartes estarem em Santa Catarina poderá ser explicado com as pesquisas ao longo dos anos. O que se estima até agora é que a espécie permanecerá até o final da temporada mais ao Sul e Sudeste do Brasil. Isso, segundo os especialistas, não atrapalhará a estadia das baleias-franca no Estado.
O que representam os saltos das baleias-jubarte

A Jubarte é bem dançarina e ama se exibir com saltos e manobras aéreas. É possível identificar o significado de alguns movimentos, segundo os especialistas; veja:
1. Quando a baleia salta e dá apenas um giro no ar, ela deve estar observando o ambiente e procurando algo, como um barco, por exemplo.
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2. Quando o mamífero bate a calda água, pode por disputa entre fêmeas, defesa ou ainda por comunicação.
3. O movimento de periscópio, quando a baleia coloca a cabeça reta para fora, mostra que ela está curiosa e quer espiar.
4. E a batida da nadadeira pode ser para se comunicar ou ainda golpear outro animal.
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O canto da baleia-jubarte
As jubartes machos de cada população cantam a mesma canção, que vai sofrendo mudanças à medida que a baleia vai compondo novos trechos para a música. Dependendo da região e do ano, o canto muda.
A ideia do som é atrair a fêmea e alertar outro macho sobre seu espaço. Tanto o macho, quanto a fêmea conseguem vocalizar, mas só o macho desenvolveu o canto.
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O médico veterinário Milton Marcondes explica que um canto da jubarte pode ter duração de seis minutos a meia hora e uma sessão de canto pode durar várias horas.
O som pode chegar a 160 decibéis — mais alto do que uma turbina de avião a jato — e pode ser ouvido e sentido pelas pessoas no Brasil de julho a novembro.

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