O caráter acadêmico e a evolução da dança voltam ao palco do Festival de Dança de Joinville depois de um ano de comemorações pelos 30 anos. Na 31ª edição, mais do que um grande espetáculo, a intenção é fazer o aprendizado voltar ao foco do evento.

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Por isso, quando as luzes se apagarem no Centreventos Cau Hansen, em 17 de julho, o Balé Nacional do Uruguai (Sodre) apresenta seu repertório de trabalhos pensados na contemporaneidade da dança clássica e seus desdobramentos, ao mostrar três peças que misturam e desconstroem conceitos do balé. No programa, estão “Doble Corchea”, “In The Middle Of Somewhat Elevated” e “Sinfonietta”, compondo um espetáculo de 90 minutos

Cinco dias depois, é a vez da Cia Jovem da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil voltar a uma noite especial do Festival de Dança para abrir a Noite de Gala para os profissionais do Balé do Teatro Guaíra, de Curitiba. Presença constante nas noites especiais do Festival, o Guaíra não se apresentava em Joinville desde 2003, quando remontou o espetáculo “O Grande Circo Místico”. Agora, retornam com “A Sagração da Primavera”, em adaptação da coreógrafa portuguesa Olga Roriz da obra mais famosa do russo Vatslav Nijinski sobre a composição polêmica de Igor Stravinsky.

– Pensamos muito na informação destes jovens participantes que vem ao Festival de Joinville. Entre eles, quantos seguirão a carreira na dança? Sabemos que são poucos. Mas, o que assistirem no palco de Joinville, ficará com eles, será um aprendizado – afirma o presidente do Instituto Festival de Dança, Ely Diniz.

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A curadora artística do Festival, Iracity Cardoso, frisa que as obras apresentadas pelo Balé Nacional do Uruguai (Sodre) vão de encontro ao tema do seminário de dança desta edição, “A dança clássica: dobras e extensões”.

– O trabalho de Julio Rocca parte do clássico fazendo referência à tradição e ao romantismo. Era uma discussão que a curadoria (além de Iracity, compõem o grupo Cecilia Kerche, Andrea Bardawil e Sigrid Nora) fazia de trazer obras de coreógrafos renomados, mas já transformados em neoclássico – diz Iracity.

Campeões em São Paulo

As novidades sobre o Festival de Dança de 2013 foram apresentadas em uma cerimônia de lançamento que ocorreu no Itaú Cultural, em São Paulo, na manhã de ontem. A escolha do local é símbolo das mudanças que o Festival deve receber a partir de agora, com o Itaú Cultural – braço cultural do Itaú/Unibanco – assumindo a responsabilidade por grande parte do incentivo que o evento recebe.

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Com a parceria, um novo projeto promete uma premiação a mais para os bailarinos e companhias que chegarem à Noite dos Campeões: em 4 de agosto, exatamente uma semana após o fim do Festival de Joinville, uma mostra será sediada no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, com apresentações selecionadas pelas curadoras do Festival entre os melhores trabalhos premiados. É uma nova oportunidade de ser visto e avaliado – e, quem sabe, selecionado para companhias, bolsas e outras premiações.

– Há muitos anos procuramos por esta possibilidade de levar o Festival a ter mais visibilidade. Trazer grupos que se esforçam tanto para chegar à Noite dos Campeões – que é uma das noites mais procuradas, seus ingressos às vezes acabam antes dos ingressos da Noite de Gala – é uma forma de reconhecer estes trabalhos – avalia Ely Diniz.

Para o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, levar os campeões do Festival de Joinville para dançarem em São Paulo abre novas oportunidades e valoriza estes nomes.

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– Dançar no Auditório Ibirapuera é um signo a mais no campo do diálogo para os vencedores – afirma Saron.

Os premiados que forem selecionados para a mostra em 4 de agosto terão suas passagens e a estadia pagas pela organização e ainda farão aula com a primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e curadora artística do Festival, Cecilia Kerche.