Os deputados da subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu (PE) se mostraram bastante divididos ao realizar um balanço sobre a situação na China durante os Jogos de Pequim. Enquanto alguns comemoraram os progressos registrados recentemente no respeito aos direitos humanos durante a competição, outros criticaram a falta de liberdades no país e a “hipocrisia” do evento, encerrado último no domingo, dia 24.

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– Os Jogos Olímpicos foram o crepúsculo da defesa dos direitos humanos no mundo – disse a parlamentar polonesa Hanna Foltyn-Kubicka, do grupo União para a Europa das Nações.

Segundo ela, o governo chinês foi o “grande vencedor” da competição. Na mesma linha se mostrou Jozef Pinior, vice-presidente da subcomissão de Direitos Humanos:

– Os Jogos foram tristes, apesar do esporte, pois não houve liberdade de imprensa, a internet esteve controlada e não houve respeito à liberdade política – disse.

No entanto, Pinior comentou que o regime chinês está “evoluindo e se modernizando”, apontando que a Europa não deveria pensar apenas nas críticas. O irlandês Colm Burke, do Partido Popular Europeu, pediu que os deputados fossem “construtivos” e reconhecessem que a China registrou “grandes progressos” em matéria de direitos humanos durante os últimos anos, e que os Jogos Olímpicos ajudaram no processo do país.

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Repressão comunista

Em geral, os deputados do PE disseram que as mudanças na China devem vir “de dentro”, mas a comunidade internacional pode pressionar Pequim para acelerá-las. Outros, como o conservador Edward McMillan-Scott, disseram que a Eurocâmara deve pressionar a comunidade internacional para buscar esclarecimentos sobre as “milhões de mortes” pelas quais, segundo ele, o regime comunista é responsável ao longo de sua história.

– O mundo esperava que os Jogos Olímpicos pudessem mudar as coisas na China, mas não foi o caso – ressaltou.

Para Raül Romeva, (Grupo Os Verdes/Aliança Livre Européia), o Comitê Olímpico Internacional (COI) “se precipitou” concedendo a Pequim o direito de sediar os Jogos a Pequim. Segundo o parlamentar espanhol, a Eurocâmara deve seguir analisando a evolução dos direitos e liberdades na China.

Missão para analisar situação das minorias

A presidente da subcomissão de Direitos Humanos, Hélène Flautre, anunciou a intenção do PE de enviar uma missão parlamentar à China para estudar assuntos como a situação das minorias, a liberdade de expressão e a pena de morte, entre outros.

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Em discurso no parlamento, o especialista Yiyi Lu se mostrou otimista e disse que, embora “não tivessem sido registradas mudanças radicais, alguns passos foram dados” na questão dos direitos humanos relativa aos Jogos Olímpicos.

Para a Anistia Internacional (AI), Pequim não cumpriu as promessas feitas antes dos Jogos, segundo uma porta-voz da organização.