Especialistas apontam que realidade socioeconômica e aumento do acesso à saúde contribuíram para as baixas taxas de mortalidade infantil em SC. Nesta sexta-feira, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que os catarinenses são saudáveis desde o berço. O Estado registrou, em 2010, os menores índices de mortalidade infantil do país, com taxa de 9,2 mortes de crianças a cada mil nascimentos. Mesmo assim, médicos reforçam a importância de se aprimorar a qualidade do atendimento a pacientes e de se investir em políticas públicas.
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Nos últimos 30 anos de pesquisa, é a primeira vez que SC aparece na liderança do ranking de menor mortalidade infantil. O Estado passou na frente do Rio Grande do Sul – antigo líder – e apresentou uma taxa 80% menor da que apresentava em 1980.
Os bons resultados se mantêm quando se fala de crianças até cinco anos de idade. As secretarias de Estado da Saúde e da Assistência Social, Trabalho e Habitação creditam os números aos programas de saúde da família, que fazem o atendimento individualizado nos bairros, incluindo de gestantes, e vem sendo implantado desde 1994. O investimento anual no programa, segundo o governo, é de R$ 42 milhões anuais.
– Nosso diferencial são essas equipes que conhecem bem a família, os hábitos de alimentação, as condições sanitárias e fazem um trabalho para que as pessoas não fiquem doentes – ressalta o secretário-adjunto da Saúde, Acélio Casagrande.
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Em Saúde, o total aplicado no ano passado foi de R$ 2,3 bilhões. Houve foco também no aumento do alcance na vacinação. A pediatra com atuação em neonatologia, do Conselho Regional de Medicina de SC, Aurea Gomes Nogueira concorda que a situação catarinense é privilegiada. Mesmo assim, para ela, é preciso melhorar a qualidade dos atendimentos nas comunidades, para se evitar a centralização dos procedimentos nos hospitais.
O professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios, de São Paulo, Alcides Leite, expõe que questões socioeconômicas, com maior distribuição de renda e economia mais descentralizada, ajudam para que mais pessoas tenham um padrão de vida que garanta a saúde. Para o professor, o cenário catarinense ainda requer cuidados.
– SC mostra que mesmo com um PIB per capita médio pode ter um padrão de vida bom. Mas, para continuar, é preciso investimento em saneamento básico, saúde, moradia. A prevenção é o melhor caminho para evitar a mortalidade – aponta Leite.
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Futuras ações
Para garantir melhores índices, a pasta de saúde prevê um plano de ação voltado às gestantes e recém-nascidos, que deve ser implantado até 2014. Além do incentivo ao parto normal, o plano deve promover a criação de salas de parto humanizado e salas de acolhimento para mulheres em gravidez de risco. Um controle eletrônico também deverá facilitar o acompanhamento médico das futuras mães.
Estado também registra maior expectativa de vida
Também é no território catarinense onde se vive por mais tempo. O IBGE destaca que em SC a expectativa de vida é de 76,8 anos, valor mais do que oito anos maior do que registrado no Piauí – onde se registrou a pior expectativa. O professor do curso de Medicina da Univali e mestre em Saúde da Família Alessandro Scholze, alerta que isso não significa necessariamente um aumento da longevidade dos catarinenses. Ele explica que muitas pessoas de outros Estados vêm morar em SC depois que se aposentam.
– Em uma cidade como Balneário Camboriú, por exemplo, a expectativa de vida provavelmente é superior porque muitas pessoas vieram de outras cidades, em busca de qualidade de vida – acredita.
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Ele lembra que os números não mostram ainda as diferenças de expectativa de vida nas várias regiões de SC, o que pode esconder deficiências nos cuidados. O secretário-adjunto de Estado da Saúde, Acélio Casagrande, reforça que as equipes de saúde da família também fazem o acompanhamento para que as pessoas mantenham os cuidados com a saúde até a velhice.
O secretário acredita que os investimentos em leitos hospitalares também possam ajudar a aumentar a longevidade, dando um atendimento mais rápido. Um grupo que ainda merece mais cuidados são os homens que, segundo ele, procuram menos o médico, por preconceito ou por acharem que não tem necessidade.
O professor Scholze complementa que melhorar a expectativa não é prolongar a vida de quem já é idoso ou quase idoso, mas aprimorar o atendimento desde as crianças, com pré-natal e imunização necessária. O professor chama atenção também para outras faixas etárias.
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– Hoje se enfrenta uma grande mortalidade de pessoas em idade produtiva por violência e acidente de trânsito. Reduzir essas causas externas é fundamental para aumentar a expectativa de vida futuramente em SC – pondera.