Quando chove, o rio Itaum, que passa atrás da casa de Jucemar Borges Claudino, transborda. Por causa da falta de limpeza e dragagem no local – serviços feitos pela última vez no primeiro semestre de 2012, segundo moradores -, a água invadiu a rua dos Aimorés três vezes nos últimos dois meses.

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A situação poderia ter sido amenizada se os seis bueiros da rua estivessem abertos, mas eles foram fechados durante a drenagem da rua. Sem ter como escoar, a água que transborda do rio acaba acumulada em frente às casas, deixando as famílias ilhadas.

Para tentar resolver o problema, Jucemar já fez três pedidos de atendimento à antiga Secretaria Regional do Fátima. Nenhum foi atendido.

Embora abram as portas e registrem as solicitações de atendimento, as 14 secretarias regionais que, na teoria, foram transformadas em oito subprefeituras, estão quase paradas.

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Os órgãos estão sem recursos à disposição para obras e nenhum dos secretários foi nomeado – a exceção seria Romualdo França, na subprefeitura de Pirabeiraba, mas ele só guarda lugar para Sidney Sabel (PP).

Enquanto isso, acumulam-se as ordens de serviços não atendidas. Na última sexta-feira, a reportagem de “AN” visitou quatro secretarias regionais e verificou que cada uma tem entre 150 e 300 pedidos de serviço não realizados. Na conta, não entram as requisições feitas antes de 2013.

Até ontem, a reportagem falou por telefone com outras sete secretarias – em três, ninguém atendeu às ligações – e, em todas, a diretriz passada pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) é a mesma: fazer apenas os serviços emergenciais.

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A prioridade fica para a ligação de esgoto, que precisa de pagamento de taxas, custando de R$ 87,80 a R$ 158,40 dependendo da casa e se a rua é pavimentada ou não. A roçada também está sendo feita, mas só na proximidade de escolas, parques, hospitais e postos de saúde.

Se alguma das subprefeituras precisar de uma carrada de barro para patrolar uma rua, terá que ir até a Seinfra para buscar. Os contratos com as equipes de terceirizados – cada regional tinha uma composta por quatro pessoas – terminaram no fim de 2012 e não foram renovados.

Tentando reduzir a demanda de cerca de 150 pedidos não atendidos, na secretaria de Pirabeiraba, por exemplo, areia, barro e saibro retirados de buracos feitos na rua são reutilizados em outros lugares.

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– Nos viramos como dá. Não tem orçamento, nem previsão, mas vamos fazendo os pedidos e, no restante, pedindo para a população entender a demora -, diz Osmarildo Duarte Farias, coordenador administrativo.

Situação se repete

No Comasa, parte do maquinário está estragado e, sem um responsável, quem cuida da subprefeitura é o servidor mais experiente, o fiscal Vilson Mello. Segundo ele, há mais de 300 pedidos, apenas de 2013, não atendidos.

– Nem mexemos mais nos pedidos de 2012. Não tínhamos dinheiro e não vamos fazer agora. Se ligarem, até vamos ver. Senão, deixamos como está. É provável que os próprios moradores já tenham tentado resolver o problema -, afirma.

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O mesmo ocorre no Aventureiro, onde a maioria dos serviços são ligações de esgoto.

– Fazemos roçada e limpamos o rio na medida do possível. A prioridade é fazer as ligações, porque daí temos fonte de recurso definida para a compra de tubos -, explica o oficial administrativo Vladimir Schulze, que está à frente da subprefeitura, por enquanto.

No Boa Vista, onde a regional será desativada depois que todas as subprefeituras forem criadas, não há equipamento para a realização de obras, e os pedidos se acumulam. Só de 2013, são 250 não feitos. Do ano passado, são mais 400.

Solução pode chegar no fim de março

Segundo a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Joinville, não há um prazo para que o prefeito Udo Döhler (PMDB) anuncie quem serão seus subprefeitos.

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Com isso, as oito estruturas criadas pela Prefeitura de Joinville em projeto de lei aprovado em janeiro, em sessão extraordinária do Legislativo, ainda funcionam como secretarias regionais, assim como as outas seis estruturas espalhados por Joinville.

Até o momento, só Romualdo França, que comanda a Seinfra, e outros dois gerentes foram nomeados para a Subprefeitura de Pirabeiraba. Enquanto isso, Udo vem dizendo em entrevistas que só pretende decidir os nomes para os órgãos no fim de março.

Há duas semanas, ele teve reunião com os 17 vereadores da base aliada e disse que aceitará sugestões de nomes. Até lá, as estruturas devem permanecer com os recursos com que estão atuando normalmente.

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Mas a demora nas nomeações e os cortes dos cargos comissionados vêm causando descontentamento dos vereadores, que pretendem indicar nomes para as pastas.

Entre os poucos nomes que são comentados para as regionais, está o do suplente de vereador João Luiz Sdrigotti (PMDB). Ele assumiria a Subprefeitura do Centro-Norte. Já Osmari Fritz (PMDB), ex-vereador, é cotado para ser nomeado na Subprefeitura Sul.

Outra possibilidade seria Fabiano de Souza, que ocupa uma gerência na Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR). Ele iria para a Subprefeitura do Oeste.

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Saída é definir quais são as emergências

Com poucos recursos em caixa e a ausência de contratos tanto com empresas terceirizadas, quanto com fornecedores de produtos para as obras, o atendimento à demanda de pedidos reprimida nas regionais está cada vez mais complicado.

– A falta de recursos é uma dinâmica que não prevíamos e que está atrapalhando o processo. Sabemos que a cidade não para enquanto tentamos resolver esses problemas, mas ainda não encontramos forma de desafogar os pedidos -, diz o secretário de Infraestrutura, Romualdo França.

Os recursos para as subprefeituras, que hoje existem de direito, mas não de fato, virão do orçamento da própria Seinfra e do Fundo de Apoio a Pirabeiraba. Além disso, o prefeito Udo Döhler estabeleceu um valor máximo para a compra, por licitação, dos produtos necessários para a realização das obras, o que estaria afastando fornecedores.

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– Não sabemos quando colocaremos tudo em dia. Estamos nos esforçando para fazer isso tudo agora. Mas o prefeito irá definir quais são os serviços emergenciais que devemos efetuar e quais podem esperar. Faremos isso -, acrescenta Romualdo.

Atualmente, as regionais estão funcionando sem um comando efetivo. Por isso, um engenheiro da Seinfra foi designado para acompanhar os serviços de cada estrutura. Ele passa uma vez por semana no órgão e checa o andamento das obras e dá novas diretrizes para a equipe.