Com 6,22 quilômetros quadrados e 23.718 moradores, segundo o levantamento divulgado pela Fundação Ippuj em 2013, o bairro Iririú é, em tamanho e força econômica, uma cidade quase completa (para isso, segundo os próprios moradores, só falta um cartório).

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Tem uma renda per capita acima da média dos demais bairros (2,3 salários mínimos/mês) e nove agências bancárias. Como uma típica cidade, tem uma série de demandas que dependem das disponibilidades do poder público. Mas em vez de só reclamar, as lideranças resolveram agir. E se uniram para ganhar forças.

Há um ano, foi criado o Fórum das Entidades do Bairro Iririú, com dez integrantes: Instituto Padre Valente Simioni, conselhos de segurança (Consegs) do Iririú e do Saguaçu, Paróquia São Sebastião, Rádio Leste FM, Phoenix Iate Clube, Rotary Clube Joinville Leste, Sociedade Alvorada, Associação dos Amigos do Bairro Iririú (Amabi) e Jornal dos Bairros. O coordenador é o empresário Ivanor Olegário, que vê nesta união a saída para a conquista de melhorias para a comunidade.

Olegário confirma que o princípio do voluntariado é um dos destaques do Iririú.

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– Temos um bairro diferenciado, com nove agências bancárias (e por isso deveríamos ter uma maior atenção na área de segurança). Temos uma rádio comunitária muito boa, um jornal do bairro que colabora muito nas reivindicações e um padre muito participativo (padre Mário, da Igreja São Sebastião) – destaca o coordenador do Fórum do Iririú. Mas a força dessas entidades estava dispersa.

– O voluntariado tem uma força enorme, mas precisa se unir. Foi isso o que fizemos no bairro. Agora, cada um traz suas ideias e necessidades da comunidade em que atua – destaca Olegário, que tem 46 anos e, além das diversas atividades profissionais, encontra tempo para a esposa, os três filhos, para coordenar o fórum, presidir o Instituto Padre Valente Simioni, o conselho fiscal da Ajorpeme, o Conseg e ser conselheiro da Federação das Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Fampesc) e do Banco do Empreendedor.

Portanto, é com conhecimento de causa que afirma: desde a formação do Fórum do Iririú, houve um fortalecimento nas reivindicações junto à Prefeitura. Aliás, uma das primeiras ações do grupo foi entregar ao prefeito Udo Döhler, no dia 30 de abril do ano passado, uma lista com 16 pedidos do bairro. Até agora, só um deles foi atendido: o conserto da torre do terminal de ônibus. Entre as outras solicitações, cinco foram destacadas nesta reportagem: ações nas áreas de segurança pública, mobilidade, trânsito, lazer e saúde.

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– Em 2013, o prefeito disse que poderia fazer pouco naquele ano porque estava arrumando a casa. Mas garantiu que em 2014 seria diferente e que iria atender aos nossos pedidos. É o que esperamos – afirma Olegário, acrescentando que, neste ano, as lideranças do bairro Iririú irão cobrar mais.

As entidades vão solicitar à Prefeitura um cronograma de aplicação das reivindicações, por exemplo.

– Elegemos o que era necessário e o que era possível ser feito. Tudo o que pedimos não requer grandes verbas. Depois de solucionadas essas questões, vamos para as mais difíceis – projeta.

Um cartório talvez entre nesta próxima lista.

Palavras de ordem de Udo: ouvir as pessoas

O prefeito Udo Döhler deu respostas promissoras às demandas do bairro Iririú. Mas enfatizou a necessidade de ouvir os moradores antes de fazer mudanças mais abrangentes e anunciou a realização de audiências públicas para discutir soluções para um dos grandes problemas dos bairros de Joinville: a mobilidade.

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Os críticos de plantão, diz Udo, tratam o poder público como se fosse mágico e não tivesse de ouvir as pessoas. O prefeito entende exatamente o contrário, “e estamos ouvindo as pessoas com muita intensidade, mesmo que isso incomode uns tantos. Não vamos abrir mão disso”. Afirma que o poder público tem de aprender a fazer isso para não cometer os tantos erros de outros tempos, “pois evoluímos ouvindo as pessoas”.

Organização é outra palavra-chave para o sucesso das ações do poder público. Desde setembro, a Secretaria de Planejamento trabalha num projeto que é “ouro puro”, nas palavras de Udo Döhler. Uma ferramenta que vai agilizar as obras em toda a cidade.

Trata-se do Sigeor Mais, que consegue reunir todas as demandas por serviços públicos municipais. As sugestões e reclamações são pinçadas de redes sociais, da Câmara de Vereadores, de e-mails, da Ouvidoria, das mídias. Os pedidos vão de bocas de lobo a postos de saúde. Na quarta-feira última, dia 19, o Sigeor tinha catalogados mais de 32 mil itens.

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O sistema mostra quem fez o pedido, os dados da reivindicação, o mapa de localização, como está o andamento, enfim, todos os detalhes possíveis. Nada se improvisa mais, afirma Udo Döhler, porque a Prefeitura sabe onde estão os problemas. É um projeto revolucionário, destaca.

Uma referência em educação

Estrategicamente posicionada nos fundos da Escola Municipal Hilda Anna Krisch, a Casa Brasil Norte (mantida pela Fundamas) tem sido, nos últimos anos, uma referência em educação, acessibilidade e oportunidade para crianças, jovens e adultos dos bairros Iririú e Jardim Iririú, principalmente.

Fundado em 18 de dezembro de 2006, o grupo mudou de sede em 2010 – e hoje representa uma alternativa segura e próxima para estudantes nos turnos intermediários. Segundo Cecília Vilson de Souza, a Ciça, que coordena a Casal Brasil e preside a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Iririú, só em 2013 foram mais de 1,6 mil alunos matriculados em algum dos cursos oferecidos, e este número promete aumentar em 2014.

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– Além de estarmos a poucos metros de uma das maiores escolas da região, estamos próximos do novo condomínio do Minha Casa, Minha Vida, que deve trazer mais 700 famílias para cá e, consequentemente, aumentar muito a nossa demanda – explica Cecília.

O Projeto Casa Brasil é uma iniciativa do governo federal que reúne esforços de diversos ministérios, órgãos públicos, bancos e empresas estatais para levar inclusão digital, cidadania, cultura e lazer às comunidades de baixa renda. Oferece, entre outros, cursos de introdução à informática, montagem e manutenção de computadores, oficina de pintura em tela e tecido, xadrez, capoeira e inglês. Todos são gratuitos e com apoio pedagógico.

O espaço funciona das 7 às 23 horas. Ciça afirma que um dos pontos de destaque da Casa Brasil é o grande número de voluntários. Segundo ela, muitos pais e mães que deixam seus filhos no local se oferecem para ajudar de alguma maneira e é assim, com a boa vontade de todo mundo, que a Casa Brasil consegue caprichar na estrutura e atender a todos com igualdade.

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E vem novidade por aí. O presidente da Fundamas, Gilberto de Souza Leal, planeja uma parceria com a escola para aproveitar as salas que ficam vazias à noite e ampliar o quadro de cursos e oficinas.

– Também já colocamos em pauta a ampliação da unidade. Temos que pensar nas famílias que vão chegar – afirma.

* Colaborou Atila Froehlich