Mistura da poesia espanhola com ritmos africanos, a música da ilha de Cuba segue a lógica de sua colonização e, assim como o Brasil, absorveu tantas culturas distintas para criar uma identidade própria: tem música para contemplar (alma!) e música para dançar (corpo!). O show da turnê Adios Tour do Buena Vista Social Club no domingo (13), em Florianópolis, foi uma apoteose para o corpo e para a alma. Cerca de 3,5 mil pessoas dançaram e se emocionaram no show de despedida da orquestra cubana que encerrou a programação do projeto Jurerê Jazz em 2015 no parador de praia P12, em Jurerê.

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O repertório foi praticamente o mesmo apresentado no show em maio passado, no teatro Ademir Rosa (CIC), com músicas do único disco de estúdio (1987). A mudança fundamental foi para o público. Em vez de sentado na plateia do teatro, pôde dar vazão à vontade de dançar com espaço mais que suficiente para testar passos de rumba e bolero.

Entenda a história da música cubana

Exatamente às 20h, horário marcado para o início do show, caiu um temporal típico de verão, com trovoada e chuva fortíssima. Em razão disso o show atrasou cerca de 20 minutos. O jovem pianista Rolando Luna abriu a noite com Como Siento Yo e em seguida recebeu a companhia de instrumentistas veteranos da música cubana e dos integrantes da formação original do Buena Vista: Papi Oviedo, 77 anos (guitarra), e Barbarito Torres, 59 anos (alaúde).

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Jesus “Aguaje” Ramos (trombone de vara), foi o maestro da noite. Regeu a orquestra e o público:

– Arriba, Floripa! _ dizia.

Já acostumado à cadência e malemolência da música latina, o público catarinense respondeu aos pedidos de Aguaje dançando. Afinal, quem sabe sambar não acha tão difícil um baile cubano. Quando era rumba que pegava fogo no palco, na plateia pessoas de todas as idades soltavam o quadril.

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_ Samba você faz um, dois, três, quatro. A salsa é um, dois e três. Não tem o quarto tempo. Salsa você mexe da cintura para cima. E da cintura para baixo também _ ensinou a juíza aposentada Nely Sarmanho, 70, fã da orquestra e, claro, de dança.

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Já quando eram canções de amor e melancólicas, casais arriscavam passos de bolero apaixonados e inspirados pela sensualidade da música cubana.

Baile a la cubana com Omara Portuondo

Omara Portuondo, a diva da música latino-americana, entrou no palco depois da oitava música. Enquanto caminhava devagar e com ajuda dava pistas da idade avançada. Como se isso fosse importante. Diva é diva não importa o número de anos que tenham passado. Aos 85 anos ela dançou até o chão. E com tanto suingue! Papi Oviedo a acompanhou por quase metade de uma música, levando o público a sorrir e sorrir e a repetir fora do palco os mesmos passos.

Omara soltou a voz em agudos invejáveis e continuou no palco quase até o final. Saiu quando a orquestra interpretou Chan-Chan, uma das canções mais famosas, mas voltou afinal para mostrar mais uma vez sua dança e cantar, belamente:

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Dos gardenias para ti

Con ellas quiero decir:

Te quiero, te adoro, mi vida

Ponles toda tu atención

Que seran tu corazón y el mio

Depois de praticamente duas horas, Buena Vista finalmente se despediu de Santa Catarina. Irá deixar saudades.

Setlist do show:

1 – Como Siento Yo

2 – Bodas de oro

3 – Rincon Caliente

4 – Tumbao

5 – Bruca Manigua

6 – Black Chicken

7 – Marieta

8 – Trombon Majadero

9 – Lagrimas Negras

10 – 20 Años

11 – No me llores

12 – Quizas Quizas

13 – Chan-Chan

14 – El cuarto de tula

15 – Dos Gardenias

16 – Candela