Com a presidente Dilma Rousseff recolhida ao Palácio do Alvorada na tentativa de obter votos contra o impeachment, coube ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursar a centenas de militantes dos movimentos sociais que estão acampados em Brasília.

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Dilma era esperada às 10h para falar com os ativistas, mas sua participação foi cancelada na última hora. Ela passou a manhã recebendo líderes partidários e resolvendo nomeação para cargos no governo, como forma de frear o avanço do pedido de afastamento que será votado neste domingo, na Câmara. Em seu lugar, Lula chegou ao acampamento por volta das 10h40min. Bastante rouco, disse que faria um pronunciamento rápido, pois precisava se encontrar com três governadores, em busca de mais votos para a disputa de amanhã.

— Só temos 513 votos pra gente conquistar. Precisamos conquistar a metade, ou não deixá-los conquistar 342. É uma guerra de sobe e desce. Parece a bolsa de valores: tem hora que o cara tá com a gente, tem horas que não está mais. Tem horas que está do outro lado, tem horas que não está mais. Então a gente tem que conversar 24 horas – afirmou, abrindo o discurso de 10 minutos.

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Segurando ora a bandeira do Brasil, ora a bandeira do PT, Lula elogiou a disposição dos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras 60 organizações que desde o inicio da semana estão acampadas no entorno do ginásio Nilson Nelson, na região central da capital federal. O ex-presidente criticou o vice de Dilma, Michel Temer, a quem atribuiu a arquitetura do ¿golpe¿.

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— Se o seu Temer quer ser candidato, não tente através de um golpe. Ele que espere chegar 2018, o PMDB é um partido grande, ele se candidata e vamos pras urnas, vamos debater, vamos convencer o povo de quem pode ser melhor para esse país — desafiou.

Lula lembrou o golpe militar de 1964, disse que Getúlio Vargas fora levado ao suicídio 10 anos antes e que o PT irá sobreviver ao que considera ataques de uma “elite brasileira que não gosta de democracia”. Ao final, concluiu pedindo aos militantes que tenham cautela nas manifestações de domingo.

— Tá cheio de gente querendo tumulto. Vamos dar o exemplo. A gente não pode aceitar nenhuma provocação amanhã. Tá cheio de televisão pra dizer que os movimentos sociais são baderneiros. Baderneiro é quem quer derrubar a presidente Dilma através de um golpe no Congresso Nacional — concluiu, sendo saudado aos gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.

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