O título de cervejaria do ano no Festival Brasileiro da Cerveja de 2019 garantiu à Backer um estande de cortesia na próxima edição do maior festival da bebida na América Latina, que vai acontecer entre 11 e 14 de março em Blumenau. A menos de dois meses do evento, no entanto, a cervejaria mineira está envolta em uma crise nacional e ainda não confirmou presença no festival e no concurso.

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Uma das maiores cervejarias artesanais do país e com uma coleção de medalhas no festival em Blumenau, a Backer está com a fábrica em Belo Horizonte fechada e ao menos 32 lotes de 10 rótulos da marca já tiveram resultado positivo nos testes para a presença da substância dietilenoglicol. Inicialmente relacionada somente à cerveja Belorizontina, a substância já teria causado a morte de quatro pessoas em Minas Gerais.

Por conta da situação e do futuro incerto da cervejaria, a Backer ainda não confirmou à organização do Festival Brasileiro da Cerveja e do Concurso Brasileiro de Cervejas se vai participar do evento este ano. A marca era uma presença garantida em todas as últimas edições dos eventos e, somente no concurso do ano passado, faturou seis medalhas (uma de ouro, duas de prata e três de bronze) além do título de cervejaria do ano na categoria "grande porte" — produção a partir de 100 mil litros por mês.

Presidente da Ablutec (Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura), que assumiu a organização do Festival Brasileiro da Cerveja para 2020 (antes o evento era organizado pela prefeitura, através do Parque Vila Germânica), Develon da Rocha diz que deve esperar mais algumas semanas até procurar a Backer novamente sobre a confirmação de presença no festival e no concurso.

— É momento de ter cautela, de ter calma, aguardar tudo ser resolvido. Acredito que dentro de uns 15 dias vamos procurar eles novamente para confirmar a participação — afirmou.

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Substância ligada à doença foi encontrada em lotes da cerveja Belorizontina
Substância ligada à doença foi encontrada em lotes da cerveja Belorizontina (Foto: Doug Patrício / Fotoarena / Folhapress)

A contaminação em MG

Existem cerca de 1000 cervejarias artesanais no Brasil e Santa Catarina é um dos principais polos do setor no Brasil. Presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), o catarinense Carlo Lapolli afirma que o caso em Minas Gerais "é um fato inédito no Brasil" e que deve ser analisado com calma para que todas as questões sejam respondidas.

Lapolli explica que o dietilenoglicol é utilizado no sistema de refrigeração por ser um anticongelante. É uma substância presente até no radiador de carros por exemplo, e que pode ser usada para manter a cerveja gelada nos tanques das cervejarias, no entanto não é comum por ser mais caro que o álcool etílico tradicional que tem a mesma função.

Segundo o presidente da Abracerva, nenhuma cervejaria artesanal de Santa Catarina utiliza o dietilenoglicol na fábrica.