No dia em que foi eleita com 62,1% dos escrutínios para retornar à presidência chilena, a socialista Michelle Bachelet demonstrou preocupação em evitar que as abstenções, em um pleito no qual o voto pela primeira vez foi facultativo, esvaziem sua legitimidade. Continua depois da publicidade O segundo turno teve uma participação de cerca de apenas 40% dos eleitores, em um dia de alta temperatura e com grande parte do comércio aberto a 10 dias do Natal. – O ceticismo não é a solução para as mudanças das quais precisamos. Meu chamado é para que as pessoas votem – disse Bachelet, favorita a ganhar o pleito presidencial, após deixar seu local de votação, às 10h5min em Santiago (11h5min em Brasília). No primeiro turno, em 17 de novembro, a abstenção foi de 48%. Bachelet tivera 46,6% dos votos contra 25,01% da conservadora Evelyn Matthei (que no segundo turno ficou com 37,9% dos votos). – Nos países onde o voto não é obrigatório, a abstenção é maior. Portanto, eu pediria para não começarem a fazer uma elucubração muito sofisticada, porque no Chile esse é o primeiro exercício democrático presidencial com voto voluntário. Mas uma coisa é claríssima: as regras da democracia são claras, e vence aquele que ganha com as regras que existem – disse na saída da escola Teresiano Enrique de Ossó, em La Reina, uma área nobre de Santiago. Continua depois da publicidade A afirmação da ex-presidente é resposta a adversários que, às vésperas da eleição, começam a dizer que a vitória de Bachelet não seria legítima com um baixo quórum de votantes. – A legitimidade quem dá são as regras da democracia. E as regras que temos são essas, é o voto voluntário – disse a presidente, que voltou a prometer reforma tributária para pavimentar mudanças na educação. Mais de 13 milhões de eleitores (de uma população de 16,5 milhões) estavam registrados para votar. No momento do voto, aplausos e carinho popular Bachelet, pediatra de 62 anos que em 2006 se tornou a primeira mulher a assumir a presidência do país, vencera o primeiro turno em 17 de novembro, com 46,6% dos votos. Ao votar, ela foi aplaudida e recebeu demonstrações de carinho, especialmente das mulheres. – Estou convencida de que hoje será um dia muito importante, onde é relevante que as pessoas, homens e mulheres de nossa pátria, possam participar e com seu voto dar uma clara expressão do Chile em que queremos seguir vivendo – disse. Continua depois da publicidade O momento mais conturbado da votação ocorreu durante a manhã. Pablo Longueira, vencedor das primárias governistas, foi insultado por um grupo de eleitores enquanto depositava seu voto. O ex-ministro de Economia do governo de Sebastián Piñera era candidato da direita nestas eleições, mas renunciou à candidatura em julho por um quadro de depressão, sendo substituído por Matthei.
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