Jocelito Carlos Wildner, 48 anos, conquistou o devido reconhecimento por anos de dedicação e investimento em um sonho. Este ano, a sua maior criação, o Wega 180, um avião de primeira linha da empresa de aviação experimental Wega Aircraft, foi destaque na maior feira de aviação dos Estados Unidos, a Sun n’Fun.

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Para o morador do Bairro Coqueiros, em Florianópolis, o bom acabamento, o design limpo e o desempenho acima da média foram os principais motivos do interesse dos americanos. A equipe voou de São José para a Flórida a uma velocidade de 350 quilômetros por hora. Na ida, foram 24 horas de voo. Uma das aeronaves fez o percurso em seis dias e a outra em sete dias.

No fim de semana, Jocelito volta ao aeroclube de

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São José para se divertir, voando

Foto: Guto Kuerten

– Eu queria fazer um avião que fosse uma estrela. Vega é a estrela mais brilhante da constelação de Lira e uma das mais brilhantes do céu. Troquei o V pelo W para fazer uma homenagem a minha família – explica Jocelito.

A Wega Aircraft está instalada em Palhoça desde 2006. Hoje possui oito funcionários, são técnicos treinados na própria empresa. Apesar da ajuda, Jocelito faz questão de participar de todas as etapas de produção dos aviões: além de ter desenvolvido o projeto, no dia a dia ele solda, faz a parte elétrica da aeronave e trabalha no trilho de pouso. O comércio exterior da empresa, que garante a importação de peças e dos motores dos aviões, e as questões burocráticas e administrativas também são responsabilidade do diretor e sócio da Wega.

Jocelito escolheu Palhoça para instalar sua empresa porque encontrou na cidade uma grande área de galpão industrial para a fabricação das aeronaves. O aeroclube de São José, onde as partes do avião são por fim montadas depois de sair da fábrica, também é estratégico na produção da Wega. Se não bastasse trabalhar cerca de 14 horas por dia, durante toda a semana, no sábado Jocelito volta ao aeroclube para se divertir. Voando.

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Na infância, construía asas de madeira

O interesse por aviação surgiu ainda na infância, no interior do Rio Grande do Sul. Jocelito se lembra de, quando tinha 11 ou 12 anos, construir asas de madeira e se jogar de galpões com o irmão mais novo. Com pais de origem humilde, nem passava pela sua cabeça investir em uma carreira de piloto. Ele voou pela primeira vez em 1984, em um avião da Força Aérea Brasileira, a que serviu em Santa Maria. Natural de Augusto Pestana, ele e a família viveram em diversas outras cidades do Estado gaúcho até que, em 1986, ele se mudou para Porto Alegre para fazer um curso de Robótica.

Em seguida, passou em um concurso para a escola de mecânica da antiga Viação Aérea Rio Grandense (Varig), onde se especializou em boeings 737. Ali trabalhou como mecânico por dois anos. Em 1993 mudou-se para Florianópolis. Seu primeiro empreendimento em Santa Catarina não tinha nada a ver com aviões. Jocelito abriu um quiosque na praia de Canasvieiras, mas logo deu um jeito de trazer sua paixão por voar para o dia a dia. O empresário aprendeu a pilotar e começou a fazer voos turísticos em ultraleves na praia e a projetar aviões anfíbios.

Em 2000 iniciou a produção de planadores em parceria com um francês, mas o empreendimento não foi para a frente. Em 2005 foram feitos os primeiros desenhos do Wega 180. A Wega Aircraft ainda não produz com regularidade, mas os planos são de fabricar cerca de 30 aeronaves por ano em breve.

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– Ainda faltam investimentos e uma legislação mais consistente para a aviação experimental – afirma Jocelito.

Apesar das dificuldades ao longo dos anos e dos desafios ainda presentes, Jocelito Wilder brinca e responde rápido quando questionado sobre o que alimenta sua persistência.

– Simples: a paixão. O reconhecimento que tenho hoje é a prova de que não se deve desistir ao sinal dos primeiros problemas, que é preciso seguir no sonho, sempre com os pés no chão.

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Figurativamente, é claro.