O trio de brasileiros, todos eles de Florianópolis, que viajava no avião agora desaparecido na Argentina havia decolado na manhã de quarta-feira (6) já ciente das condições meterológicas desfavoráveis na região onde acabou sendo registrado o último contato da aeronave. O grupo tinha em seu plano de voo, inclusive, uma opção de parada antes de precisar passar pelo trecho considerado problemático naquela altura, mas optou por seguir viagem.

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O último contato da aeronave de modelo RV-10 e matrícula brasileira PP-ZRT foi feito com um centro de controle aéreo de Comodoro Rivadavia, cidade litorânea do sul argentino e onde agora se concentram as buscas ao avião. Ele havia partido de El Calafate, ainda mais ao sul do país, na fria região da Patagônia, e previa chegar à cidade de Trelew.

Na ocasião, viajavam juntos com a aeronave desaparecida outros dois aviões, um deles de brasileiros. No plano de voo deles, havia como alternativa uma parada na primeira metade do trajeto, em Puerto Deseado, cidade situada cerca de 300 km abaixo de Comodoro Rivadavia, onde teria início o trecho do voo com condições do clima problemáticas.

O plano foi descrito pelo presidente de um aeroclube de El Calafate, Freddy Vergnole, em entrevista à NSC TV, que esteve com os brasileiros na ocasião da decolagem.

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— Enquanto olhávamos as cartas [aeronáuticas] na plataforma, a parte meteorológica, concluímos que era melhor irem para Puerto Deseado. Então partiram, e desistiram dessa ideia de ir a Puerto Deseado. Às três da tarde soubemos que, por algum motivo, haviam decidido cumprir o plano de voo programado e ir até Trelew, e que uma das três aeronaves não havia aterrissado no horário previsto — afirmou Vergnole.

Em relato anterior, ao jornal local Diario Jornada, Vergnole havia afirmado que, na ocasião do desaparecimento, houve formação de gelo nos aviões que passaram por Comodoro Rivadavia. Ainda segundo ele, um avião pequeno, como é o caso do que desapareceu, não está adaptado a este tipo de situação.

O gelo, segundo ele, se acumula nas asas e produz peso sobre a aeronave, além de danificar o motor, exigindo habilidade e rapidez do piloto para se desvencilhar da situação. No entanto, essa hipótese para explicar o que motivou o desaparecimento não foi confirmada pelas autoridades.

As identidades dos três tripulantes foram confirmadas na quinta (7) pela família de um deles. Tratam-se do empresário Antônio Carlos Castro Ramos, do ramo da construção civil de Florianópolis, do advogado Mário Pinho e do médico Gian Carlos Nercolini, conforme publicou o G1 SC.

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— Os três tripulantes do avião são amigos. Todos têm seus próprios aviões e são pilotos experientes — disse Adriana Althoff, prima da esposa de Pinho, ao G1 SC.

Toninho, como também é conhecido o empresário, é dono da aeronave e habilitado para pilotá-la. Familiares dos tripulantes se deslocaram para a Argentina na quinta para poderem acompanhar as buscas.

O avião com três brasileiros desaparecido na Argentina não teve ativado até então um equipamento que auxiliaria na localização da aeronave em caso de acidente, segundo informou, na manhã de quinta, o órgão local que controla o tráfego aéreo argentino, a Empresa Argentina de Navegação Aérea (EANA), também à frente das buscas.

Trata-se do transmissor localizador de emergência (ELT, na sigla em inglês), que é acionado pelo impacto de uma eventual queda ou pode ser ativado manualmente pelo piloto. O aparelho transmite sinais que podem ser capturados por uma base aérea, o que auxilia órgãos de busca e salvamento, e tem uso requisitado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em aeronaves civis, caso do avião agora desaparecido.

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