Por que fazemos o que fazemos? Temos consciência da importância das nossas ações? Preservar ou não o meio-ambiente faz parte de um entendimento de como isso tem impacto real, não só no mundo, mas na vida de cada um de nós? Ou o piloto automático é o que nos faz agir, com sorte, de maneira assertiva?
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Todas essas reflexões surgiram de uma conversa muito franca com um aventureiro. Aventureiro no melhor sentido do que representa a expressão. Alguém que se propõe a aventurar-se, a viver a aventura. E no caso de Diogo Guerreiro, a maioria dessas aventuras se dá nos mares.

A relação de Diogo com os mares vem de criança. Mas há 20 anos passou a ser algo profissional. Atleta, possui dois recordes no Guiness Book como expedicionário de windsurf. Em 2005 foi creditado pela mais longa jornada de windsurf da história, quando atravessou do Chuí ao Oiapoque. O primeiro feito a ser reconhecido, porém, foi aos 20 anos, quando tornou-se o mais jovem capitão amador do Brasil.

Diogo tem propriedade para falar sobre os oceanos – tema do Innovathon Brasil 2020. Por meio deles, cresceu e conheceu o mundo, e sabe como os oceanos são afetados no ecossistema. Para Diogo, os mares são como uma lente de aumento: eles sofrem de maneira muito mais latente os impactos dos maus tratos ao meio-ambiente.
— Os oceanos são muito sensíveis. A vida marinha é muito sensível. Os pássaros, por exemplo, são mais resistentes à mudança de alguns graus na temperatura, mas quando isso acontece nos mares, milhares de peixes morrem. Corais inteiros deixam de existir — pontuou.
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Segundo Diogo, os problemas que atingem os oceanos não são necessariamente direcionados a eles. Literalmente, deságuam nos mares os reflexos, por exemplo, da poluição e do desmatamento.
Ao longo de 20 anos viajando pelos mares, Diogo não acha que as coisas estão muito diferentes do início da sua jornada. Ele entende que há, no entanto, uma estabilização de um cenário preocupante.
— Acredito que considerando um período de tempo maior, sim, seja possível fazer esta avaliação. Mas, por exemplo: nas expedições, a gente pesca. Lembro de ler registros de outras pessoas que fizeram aquilo há mais tempo e que relataram uma abundância de peixes que eu já não presenciei — explicou.
Da mesma forma, ele vê o futuro com otimismo.
— A cada geração eu percebo uma consciência maior das pessoas com relação à preservação da natureza. Isso é muito importante e reflete um avanço.
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Mas alerta:
— A questão é se essa consciência vai ter resultado no tempo necessário para salvarmos o meio-ambiente e, claro, os oceanos.
Diante disso, Diogo elogia ações e iniciativas como o Innovathon, que visam construir uma consciência sobre novas formas de promover ações sustentáveis.
— É fundamental que cada um entenda a importância dos seus atos individualmente. Que cada um faça a sua parte para que a mudança aconteça — reforçou.
Por fim, destacou que ser um aventureiro foi fundamental para essa compreensão do mundo ao seu redor.
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— Com a rotina nas cidades, nos desconectamos da natureza. Se venta, fechamos a janela. Se chove, abrimos o guarda-chuva. Na natureza, uma mudança de vento pode mudar o nosso destino.
Para Diogo, essa dependência recria uma conexão com o ambiente externo e faz a pessoa ter a real noção de como cada elemento importa.
Atualmente, além de palestrante e apresentador de programas de aventura, Diogo também trabalha proporcionando a grupos este contato com a natureza que ele entende ser tão importante. Ele e a esposa estão em isolamento por causa da pandemia do novo Coronavírus. Eles esperam a primeira filha.
— É muito difícil dizer que mundo eu vejo para ela no futuro, até porque tudo muda muito rápido. O que eu quero é passar pra ela valores, conceitos mais abrangentes, que não sejam tão pontuais e não mudem o tempo todo.
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Por três anos, Diogo já morou em um barco. Ele não descarta fazer isso novamente, mas agora com a família.