Além de questionável, é curioso tantas pessoas denegrirem uma banda da nova geração que atingiu o mainstream e segue como forte candidata para preencher o vácuo que surgirá quando os grupos veteranos se aposentarem. Surgido na esteira do metalcore, o Avenged Sevenfold definiu o futuro quando reorientou sua música, passando a investir no heavy metal clássico, hard rock e progressivo, tendo no álbum City Of Evil (2005) o marco destas mudanças.
Continua depois da publicidade
O A7X nunca impôs muitos limites no momento de compor, mas seu novo trabalho vai além. The Stage é certamente o mais experimental de sua trajetória; as 11 canções cronometram 74 minutos (!!!) e foram inspiradas pelas obras de Carl Sagan e Elon Musk, caracterizando-se por ser o primeiro disco conceitual, aqui envolvendo a inteligência artificial.
Mas isso tudo não significa que The Stage seja um registro espetacular. Individualmente, os guitarristas Synyster Gates e Zacky Vengeance apresentam performances memoráveis ao externar arranjos de espectros tão distintos, mas o esforçado vocalista Shadows já demonstra cansaço, cujos tons mais altos soam forçados em várias ocasiões.
O maior problema reside na duração das músicas. Uma canção com seis minutos funcionaria perfeitamente bem com quatro. Não importa a tensão e adrenalina, o fato é que antes da metade da audição a impaciência vai aumentando para se transformar rapidamente em real incômodo, tendo nos 16 minutos de Exist a prova de como a ambição descontrolada pode ser prejudicial.
Amparado por inúmeros gêneros do heavy metal, o Avenged Sevenfold parece ainda não ter suprido a ausência de The Rev, baterista e um dos principais compositores, falecido em 2009 por abuso de drogas. Os fãs provavelmente vão aprovar The Stage e os detratores continuarão espinafrando a banda (e ainda continua sendo muito feio se apropriar da mascote alheia, certo, A7X?). Assim, a vida continua… lml
Continua depois da publicidade
Todas as resenhas de Males que vão para o Ben

Avenged Sevenfold: The Stage
(2016 / Capital Records – nacional)
01. The Stage
02. Paradigm
03. Sunny Disposition
04. God Damn
05. Creating God
06. Angels
07. Simulation
08. Higher
09. Roman Sky
10. Fermi Paradox
11. Exist
*Ben Ami Scopinho está há mais tempo em Floripa do que passou em sua terra natal, São Paulo. Ilustrador e designer no DC, tem como hobby colecionar vinis e CDs de hard rock e heavy metal. E vez ou outra também escreve sobre o assunto.