Mesmo com um segundo semestre ruim para a economia, o Brasil fechou 2013 com crescimento de 2,52%, conforme estimativa divulgada nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC). O resultado mostra que a atividade econômica imitou o típico voo de galinha no ano passado: até tentou ganhar altura, mas não conseguiu passar de poucos metros do chão.
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O avanço é mais expressivo do que o verificado em 2012, quando o país cresceu apenas 1,6% segundo o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), mas é menor do que dois anos antes. Em 2011, a alta foi de 2,7%. O indicador é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), que terá o dado de 2013 divulgado pelo IBGE no fim do mês.
Após início de ano promissor, com números positivos nos dois primeiros trimestres, o desempenho ficou negativo na maior parte do segundo semestre.
Até o mais pessimista dos analistas de mercado se surpreendeu com a forte queda da economia brasileira em dezembro. A retração de 1,35%, o maior recuo no ano, reflete os resultados ruins da indústria e a desaceleração do comércio. A indústria caiu 3,5% no período e o varejo recuou 1,5% frente a novembro, puxado pela vendas menores de móveis, eletrodomésticos e veículos.
A queda nos dois últimos trimestres do ano poderia configurar recessão, mas analistas ponderam que esse cenário envolve ainda o desempenho de outros indicadores, como emprego em queda e diminuição da renda das famílias, o que não é observado no país.
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– A boa notícia é que os primeiros indicadores de janeiro sinalizam certa recuperação, mostrando que o primeiro trimestre de 2014 pode acabar sendo pouco melhor – projeta Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados.
O desempenho obrigou especialistas a rever as projeções para o PIB deste ano. A Tendências Consultoria reduziu a estimativa de crescimento de 2,2% para 2,1%. No Itaú, passou de 1,9% para 1,4%.
– O Brasil não consegue sair da armadilha de baixo crescimento e inflação alta – diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências.
Impacto da alta do juro deve ser notado em breve
A desaceleração da economia na reta final do ano passado ainda não reflete o aumento na taxa Selic, afirmam especialistas. Em abril, quando o dragão da inflação passou a alçar voos maiores, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central passou a aumentar progressivamente o juro, grilhão mais eficaz para segurar o avanço de preços. Ao inibir o consumo e os investimentos, a Selic mais alta tende a diminuir o ritmo dos mercados, fazendo com que o crescimento do país seja ainda menor.
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– O juro demora um certo tempo para causar desdobramentos mais fortes na economia. É agora que esses efeitos vão aparecer e, possivelmente, acarretar impacto no desempenho da economia no primeiro trimestre de 2014 – avalia João Ricardo Costa Filho, economista da Pezco Mycroanalysis.
Mesmo assim, analistas preveem uma recuperação da economia em janeiro. A consultoria LCA divulgou nota afirmando que os principais indicadores de atividade econômica no primeiro mês do ano devem ter “devolvido” boa parte da retração acentuada verificada em dezembro.
Apesar disso, as projeções para o ano não são muito promissores. Especialistas esperam alta de 1,9% no PIB em 2014, situação bem mais pessimista do que a observada um ano atrás. Depois de registrar crescimento tímido de 1% em 2012, o mercado esperava avanço de 3,1% para 2013.
Inflação alta, juro subindo e aumento nos gastos públicos, no entanto, alteraram esse panorama. Com a mudança de cenário, economistas passaram a alterar ao longo do ano suas projeções para o PIB. Atualmente, a expectativa para 2013 é de 2,28% de acordo com o relatório Focus, também divulgado pelo Banco Central.
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