Mencionado em informes reservados dos setores de inteligência das polícias, do sistema prisional e em processos judiciais, o avanço da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) pelo território catarinense tem ocorrido em velocidade rápida.

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Com células espalhadas pelas ruas e nas cadeias, a articulação do grupo é responsável por uma sequência de crimes que aterrorizam diferentes regiões, principalmente o Norte.

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O crescimento, tão expressivo a ponto de virar alvo de investigação específica na Polícia Federal (PF), reforça a necessidade de intensificação das políticas públicas de combate ao crime organizado interestadual pelas forças de segurança de Santa Catarina, cuja atuação deve ir além do diagnóstico e monitoramento, segundo defendem especialistas.

Em paralelo à tentativa de aumentar o lucro através do tráfico de drogas e de armas, o PCC tem agido para batizar e cooptar novos integrantes dentro dos presídios.

Nem que para isso tenha que deflagrar conflitos sangrentos contra membros da facção rival, o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), até então a principal organização criminosa de SC, responsável pelas ondas de atentados a ônibus, prédios e agentes da área de segurança pública em ações orquestradas entre novembro de 2012 e outubro de 2014.

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A ameaça crescente nos últimos meses está evidente em relatórios e alertas sigilosos a que o DC teve acesso. São relatos de movimentos do bando e pedidos para que servidores de segurança e agentes penitenciários redobrem os cuidados.

Esse mesmo status de alerta deu respaldo a duas transferências recentes de presos do PCC que estavam em presídios catarinenses para penitenciárias federais, como forma de sufocar o problema.

A complexidade do caso, inclusive, já foi citada pelo governador Raimundo Colombo em entrevista concedida à Agência RBS em julho deste ano.

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– O problema com os ataques criminosos não está superado. Ele continua. Existe uma briga entre PCC e PGC. Eles se digladiam o tempo todo – reconheceu Colombo na época.

Estratégia na hora de ocupar espaço

Policiais, juízes e promotores fazem coro à preocupação do governador. Isso porque há lideranças do comando paulista mapeadas na Grande Florianópolis, no litoral e no Norte, além de ramificações no Paraná, onde a facção já domina a maioria dos presídios.

Para galgar espaço em SC, vale até forçar a entrada na cadeia, como revelam casos verificados neste ano em Joinville, onde membros do PCC em liberdade praticaram delitos com o objetivo de reingressar no sistema prisional e arregimentar no cárcere novos comparsas.

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Esse avanço não é casual, mas estratégico. Ocorre pela perda de força do PGC nos últimos anos, em razão dos principais líderes estarem há mais de dois anos detidos em penitenciárias federais do Rio Grande do Norte e de Rondônia, para onde foram levados após as ondas de atentados terroristas.

Embora as prisões e transferências reforcem a preocupação que paira sobre os gabinetes do governo do Estado, os titulares das secretarias de Segurança Pública (SSP) e da Justiça e Cidadania (SJC) – responsável pelo Departamento de Administração Prisional (Deap) – preferem não se manifestar sobre o conflito entre as facções.

Ampliação da inteligência e uma delegacia específica

O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, César Grubba, prefere não comentar o assunto porque entende que trazê-lo ao noticiário estimula a atividade criminosa. Do ponto de vista de Grubba, ela já estaria controlada.

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No meio policial e prisional, fontes defendem a ampliação das ações de inteligência e dos grupos de monitoramento para que não se repitam nas principais cidades catarinenses ações como as ordenadas pelo PGC durante os atentados.

Isso porque a existência da facção catarinense passou a maior parte dos anos sendo ignorada pelo poder público, até a explosão da primeira onda de violência em 2012.

Entre as principais medidas defendidas pelos policiais e agentes está a criação da Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que chegou a ser prometida pelo governo no auge dos atentados, mas até hoje não saiu do papel.

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Atualmente, o monitoramento das facções é feito por uma divisão da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) com estrutura enxuta: um delegado e cinco policiais.

Por meio da assessoria de imprensa, Grubba afirma que nunca houve promessa para criação da delegacia especializada e que a própria Deic já é uma diretoria estadual de combate ao crime organizado.

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