Os sinos do relógio da Igreja Matriz de Itajaí ainda não tinham soado as três badaladas da tarde desta terça-feira e dezenas de pessoas já se aglomeravam perto do ônibus do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc). Parado em frente ao hospital Marieta Konder Bornhausen, o veículo recebia, aos poucos, os interessados em doar sangue. Durante a manhã foram distribuídas 50 senhas e nas primeiras horas da tarde já passavam de 30 os cadastrados. Entre os que aguardavam a coleta debaixo do sol o questionamento era o mesmo: por que a cidade não tem uma unidade fixa de captação.

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O município é comumente um dos locais onde o ônibus do Hemosc recebe um grande número de doadores, motivo pelo qual o veículo passa por aqui em média três vezes ao ano, enquanto em municípios vizinhos isso ocorre só duas vezes. As doações, claro, são bem-vindas também pelo fato de o hospital Marieta ser um dos que mais necessita de sangue em todo o Estado. Mesmo assim, o governo estadual ainda analisa a possibilidade de Itajaí ter uma unidade de captação.

De acordo com o gerente regional de Saúde, Arnaldo Schmitt Neto, a atual direção da Secretaria de Estado da Saúde não é favorável à implantação de uma unidade em Itajaí. Um estudo feito pela secretaria teria apontado que a região não comporta tal investimento.

A assessoria da secretaria, por outro lado, informa que a questão não está definida. O assunto está em pauta desde o ano passado e somente neste ano a região atingiu um número mínimo de moradores para ter um hemocentro, segundo a assessoria, que não soube informar esse valor.

Enquanto isso, gente como o autônomo Teodoro José Pereira, 53 anos, precisa viajar para cumprir com o que considera um dever. Nesta terça, ele se cadastrava para doar sangue no ônibus, mas como costuma doar periodicamente tem de ir ao hemocentro de Blumenau ou Florianópolis. Doador há 35 anos, ele era um dos que mencionava a necessidade de um hemocentro na região.

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– É nosso sonho de consumo ter uma unidade de coleta aqui em Itajaí. As pessoas aqui sempre doam muito, nunca saímos daqui com menos de 80 doações – conta a assistente social do Hemosc, Roseli Borges.

A vice-prefeita de Itajaí, Dalva Rhenius, diz que luta para trazer o Hemosc pra cá há 12 anos. Com a construção da nova ala do hospital Marieta, já foi acertado com a direção que a unidade de captação funcionaria dentro do hospital. Mesmo assim, o município não pode agir sozinho.

– O município já se dispôs a alugar uma casa, mas não depende só dele a implantação, tem equipamento, pessoal, mas essa luta não acabou – salienta.