Autoridades e ambientalistas da Guatemala denunciaram neste domingo que as atividades do narcotráfico estão por trás das dezenas de incêndios florestais que desde janeiro destruíram cerca de 8.200 hectares no departamento selvático de Petén, na fronteira com México e Belize.
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“Há a presença do narcotráfico que, (…) no seu afã de abranger mais áreas, não se importa com o fato de botar fogo na floresta ou pagar pessoas pobres para que o façam”, disse a jornalistas Alma Polanco, diretora do Conselho Nacional de Áreas Protegidas em Petén, departamento que está em estado de calamidade pelos incêndios florestais.
Entre janeiro e os os primeiros dias de junho, os incêndios consumiram cerca de 12.000 hectares de floresta – o equivalente a 16.800 campos de futebol – a nível nacional.
Cerca de 75% dos incêndios em Petén ocorreram na Reserva da Biosfera Maya, uma zona protegida que abrange 2,2 milhões de hectares de floresta e abriga sítios arqueológicos importantes como Tikal.
Segundo Polanco, os grupos de narcotráfico queimam florestas para criar terrenos para a pecuária ilegal, assim como para a construção de pistas de aterrizagem clandestinas, entre outras atividades ligadas ao crime organizado.
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No sábado, o governo guatemalteco declarou o estado de calamidade em Petén para mobilizar recursos e receber apoio da comunidade internacional com equipamentos especiais, embora a transição para a época chuvosa já tenha começado a apagar a maioria dos focos de incêndio.
Neste domingo, um helicóptero do exército mexicano aterrizou em Petén para se somar às tarefas de extinção do fogo.
Luis Romero, ambientalista da ONG Sociedade para a Conservação da Vida Silvestre, reiterou que a maioria dos incêndios florestais em Petén são provocados pelo narcotráfico, que busca a “extensão de território”.
As autoridades locais também atribuem a origem do fogo às invasões para assentamentos humanos e cultivo de produtos agrícolas.
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A Guatemala sofre a penetração de poderosos carteis mexicanos que traficam drogas com a ajuda de grupos locais e realizam operações de lavagem de dinheiro, assim como apropriações de território, entre outros atos ilícitos.
De acordo com dados do Ministério do Interior, a captura de chefes históricos na última década provocou uma reacomodação do narcotráfico, de modo que a estrutura mais fortalecida atualmente na Guatemala é o cartel mexicano de Sinaloa, liderado por Joaquín “Chapo” Guzmán, preso desde janeiro deste ano após seis meses foragido.
* AFP