Em Joinville, a notícia da assinatura do decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) alterando a lei que regulamenta o registro, a compra e a posse de arma de fogo teve uma leitura branda pelas autoridades policiais e militares. Para os tenentes-coronel Reinaldo Sótão Calderaro, comandante do 62º Batalhão da Infantaria e Jofrey Santos da Silva, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, as mudanças na lei terão poucas mudanças na prática da aquisição de armas entre a população.
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Dirceu da Silveira Júnior, ex-delegado regional de Joinville e atual responsável pela Delegacia de Homicídios (DH), também acredita que, principalmente em Joinville e região, o impacto destas alterações serão pouco sentidos.
Já o juiz de Direito da Vara de Execuções Penais e Corregedor do Sistema Prisional da Comarca de Joinville, João Marcos Buch, afirma que vê as mudanças com certa preocupação.
– Obviamente, a violência vai aumentar. O que o governo Bolsonaro está fazendo é colocando em risco a vida de todos os cidadãos brasileiros. No lugar, o que o presidente deveria fazer era incrementar o armamento das forças de segurança pública, com capacitação, qualificação e reconhecimento para que elas nos protejam indistintamente – avalia o juiz.
Entre os meses de janeiro e agosto do ano passado, foram apreendidas 122 armas de fogo que circulavam ilegalmente no município, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina. Em 2017, no ano inteiro, foram 183 apreensões de armas de fogo ilegais na cidade. No último ano, o número de crimes registrados em Joinville também diminui: de
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124 em 2017, foram apenas 84 no ano passado, deixando a cidade com uma taxa de 14,61 homicídios para cada cem mil habitantes. Segundo informações da Polícia Civil, as investigações mostraram que a maior parte destas mortes violentas aconteceram em um contexto envolvendo operação de organização criminosa.
Confira as opiniões das autoridades da área de segurança de Joinville:
"É tudo muito contraditório e precipitado. Esse assunto é mais complexo e demandaria maiores estudos e uma discussão maior. É preocupante essa disseminação do discurso de ódio, violência e impiedade, dividindo os brasileiros em cidadão de bem e cidadão do mal. "
(Juiz João Marcos Buch, juiz de execução penal de Joinville)
"Na prática, não vai mudar muita coisa, porque as pessoas serão submetidas às mesmas exigências. O que muda é a questão administrativa, de como a Polícia Federal irá lidar com essas normas. Isso não diz respeito às forças policiais, mas à Polícia Federal. "
(Jofrey Santos da Silva, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar de Joinville)
"Teremos que aguardar para ver a repercussão. Mas nossa região não tem muito a cultura da arma, como outros estados, então acredito que não haverá um impacto muito grande."
(Dirceu Silveira Jr, delegado da Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Joinville)
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"Até o momento, a circulação de armas tem sido feita de maneira natural, seguindo os critérios na legislação. As autoridades de Brasília estão controlando isso e imagino que tenham capacidade de expressar a opinião da população. "
(Reinaldo Calderaro, tenente-coronel do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville)