O homem que matou com uma faca uma pessoa e deixou vários feridos na sexta-feira em Hamburgo era um “islamita” em vias de radicalização, de acordo com as autoridades da Alemanha, mas suas motivações permanecem indeterminadas, já que também sofria transtornos psicológicos.
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Enquanto os investigadores ainda buscam as razões precisas do que o prefeito de Hamburgo chamou de “atentado odioso”, o debate sobre a recepção de imigrantes foi retomado na Alemanha: o agressor teve negado o estatuto de refugiado no país.
Na sexta-feira à tarde, o homem entrou em um supermercado em uma rua comercial da zona norte de Hamburgo, roubou uma faca de cozinha e avançou na direção de um homem de 50 anos, que foi esfaqueado até a morte.
Ainda dentro do mercado, ele feriu mais dois clientes, antes de atacar outras pessoas na rua.
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O ataque terminou com um morto e seis feridos, alguns em estado grave.
“Era conhecido como islamita, mas não como jihadista, pelos serviços de segurança”, afirmou Andy Grote, ministro do Interior da cidade Estado.
O agressor de 26 anos, apresentado pelas autoridades como um palestino nascido nos Emirados Árabes Unidos, era considerado “um caso suspeito após elementos que demonstravam uma radicalização religiosa”, especialmente na casa em que morava no norte da cidade.
– ‘Mudança’ –
Ultimamente ele usava roupas religiosas muçulmanas, recitava trechos do Alcorão em casa e havia “mudado”, segundo as autoridades locais.
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O ministro do Interior a cidade Estado do norte da Alemanha mencionou, na atual fase da investigação, “vínculos com motivações religiosas, islamitas”, determinantes para passar à ação.
Ao mesmo tempo, no entanto, indicou que o agressor, sofria uma “instabilidade psicológica”. A situação continua “confusa e não é possível saber ainda qual destes elementos foi o detonador”, disse Grote.
Depois que a polícia recebeu denúncias sobre sua radicalização, agentes o procuraram, mas não detectaram um “perigo imediato” de passar à ação. O homem chegou a Alemanha em 2015 como demandante de asilo.
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A polícia já determinou que ele atuou sozinho. Não há elementos sobre a existência de uma rede”, disse uma fonte.
O agressor foi imobilizado pelas pessoas que estavam próximas ao local. O palestino ficou levemente ferido na ação dos civis, “muito corajosa”, nas palavras de Grote.
No cenário político, as dúvidas sobre a recepção de imigrantes voltam a ressurgir no país, que recebeu mais de um milhão de solicitantes de asilo desde 2015. A direita nacionalista acusa a chanceler Angela Merkel de ter permitido a entrada de potenciais jihadistas na Alemanha.
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O agressor de Hamburgo, que teve o pedido de asilo negado, não pôde ser expulso.
“Trata-se, ao que parece, de um estrangeiro em processo de saída, mas que não podia ser expulso porque não tinha documentos de identidade”, explicou o prefeito de Hamburgo, Olaf Scholz.
A questão é delicada a pouco menos de dois meses das eleições legislativas de 24 de setembro, nas quais Angela Merkel lutará por um quarto mandato.
Se a polícia confirmar que o ataque foi um atentado com motivações islamitas, a opinião pública inevitavelmente vinculará o caso ao atentado com um caminhão em um mercado de Natal de Berlim que deixou 12 mortos em dezembro do ano passado.
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O ataque foi cometido por um tunisiano, Anis Amri, que estava em uma situação legal idêntica: o estatuto de refugiado havia sido negado, mas ele permanecia na Alemanha porque não tinha documentos.
O prefeito de Hamburgo pediu regras mais duras.
“É urgente eliminar estes obstáculos práticos e jurídicos para as expulsões”, declarou.
* AFP