Um projeto de lei pretende obrigar maternidades catarinenses a aceitar acompanhamento das doulas – profissionais capacitadas para dar apoio às gestantes – durante todo o período de trabalho de parto e pós-parto, sempre que solicitadas. O PL 208/2013 é um dos temas em discussão no 1º Congresso Nacional do Parto Humanizado, que será realizado na Assembleia Legislativa de SC, entre hoje e amanhã.

Continua depois da publicidade

“O parto foi desnaturalizado pela cultura moderna” diz parteira profissional

Gabriela Zanella é doula e fisioterapeuta desde 2007 e acompanhou cerca de 60 partos nos últimos três anos. Ela afirma que a presença da profissional é muito importante por dar apoio emocional e confiança à mulher. Estudos mostram que a presença da acompanhante impacta a diminuição das chances de acontecer uma cascata de intervenções médicas. A doula também auxilia no conforto físico, com exercícios de respiração e massagem.

– Em alguns casos há resistência dos médicos, que acham que a gente vai querer se colocar entre eles e a paciente – afirma Zanella.

Continua depois da publicidade

Ela acrescenta que em Florianópolis a grande dificuldade é nas instituições públicas. Nas particulares não costuma haver restrição. A engenheria agrônoma Analice Meurer, 39 anos, está no sexto mês de gestação e faz acompanhamento com uma doula em Florianópolis. Ela diz que a atividade deve ser regulamentada a exemplo de outros países.

– Elas auxiliam muito, transmitem segurança e são parceiras.

Carmem Regina Delziovo, coordenadora da Rede Cegonha no Estado, diz que permitir o acompanhamento dessas profissionais é um passo importante para melhorar a condição dos partos, já que atualmente a legislação permite que a grávida tenha um único acompanhante na hora do parto.

– Fazer a mulher escolher entre o marido e a doula é injusto. Mas temos que avançar e discutir a regulamentação e como iria acontecer no SUS. O bom parto deve acontecer na rede particular e também na pública – defende.

Continua depois da publicidade

A deputada Ana Paula Lima (PT), presidente da comissão de Saúde da Alesc e relatora do projeto de lei, afirma que o assunto deve entrar na pauta da comissão de saúde na próxima quarta-feira. Depois dos trâmites, a matéria segue para votação no plenário.

Blumenau permite doulas desde 2014

Em Blumenau há uma lei municipal que permite a presença de doulas na hora do parto há mais de um ano. Os resultados da iniciativa aparecem na demanda pelas doulas e no índice de partos naturais nas maternidades. O Hospital Santo Antônio (HSA) por exemplo, no ano passado realizou 2752 partos, sendo que as cesáreas representaram 44%. De janeiro a maio deste ano esse índice caiu para 30%. Na instituição, onde quase 90% dos atendimentos são pelo SUS, deve ser instalada uma sala de parto natural, que contará inclusive com banheira.

A doula e preparadora perinatal Maria Eduarda Lapolli afirma que no HSA há também uma equipe de doulas voluntárias que vão ao hospital quatro vezes ao mês. A profissional, que atua em Blumenau, percebe uma mudança na percepção das pessoas sobre a função da doula e a importância do acompanhamento. Além disso, a procura pelo serviço cresceu até 200% desde que a lei entrou em vigor.

Continua depois da publicidade

São Bento do Sul também aprovou uma lei semelhante e em Indaial o tema está em discussão na câmara de vereadores.

Gabriela e outras doulas de Florianópolis realizam encontros quinzenais para falar de preparação do parto e amamentação no Norte e Sul da Ilha e continente. Para saber sobre locais e horários acesse https://www.facebook.com/gestarfloripa

Serviço

1º Congresso Nacional do Parto Humanizado

Datas: 25 e 26 de junho

Local: Alesc

Inscrições: encerradas. Ao todo, foram 665 inscritos.