Quase terminado o muro para conter o avanço do mar, na praia da Armação, em Florianópolis, a preocupação da comunidade do Sul da Ilha passa a ser outra: o turismo no verão.
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Sem faixa de areia, que desapareceu com a ressaca, moradores e comerciantes temem o sumiço também dos turistas. A prefeitura da Capital já adiantou que para a próxima temporada nada será feito.
O presidente da Associação de Pescadores da Armação, Fernando Sabino, observa que pelo menos 700 metros de areia, na metade da praia, deixaram de existir, e que não há perspectiva de que a faixa volte a aparecer naturalmente, como aconteceu em outros pontos. A região, onde o mar tomou conta do cenário, é a que concentra pousadas e restaurantes.
Além disso, o muro de pedras de 1.750 metros de extensão barrou o acesso à praia. A proximidade do verão preocupa ainda mais o presidente da associação. Para fazer o alargamento da faixa de areia, teria que ser feito um estudo de impacto ambiental e até todo processo estar pronto, levaria pelo menos um ano.
Um projeto feito em 1999 pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) já apontava o alargamento da faixa de areia como a solução para o problema da Praia da Armação. Apesar disso, a prefeitura do município não tem nenhuma obra prevista.
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O secretário de obras, Luiz Américo Medeiros, afirma que existe a expectativa de fazer algo, mas que não há prazo para isso. Ele ainda alega que o projeto do Deinfra não inclui a revitalização da praia, que é outra obra necessária. A prefeitura estuda colocar passeios, decks e bancos sobre o muro de pedras.
Para a construção do muro, foram repassados R$ 10 milhões à prefeitura pelo Ministério da Integração. A obra, que é emergencial, deveria acabar em 18 de agosto, mas o prazo foi prorrogado por mais três meses. O secretário de Obras acredita que em 60 dias ela esteja pronta.
Comunidade está em alerta
O pescador Aldori Aldo Souza, 43 anos, é um dos que dependem da pesca e do turismo. Durante a temporada, ele aluga a casa em que mora para os turistas. Ele reclama que a pesca foi bastante ruim e agora acredita que os turistas não vão aparecer.
A comerciante Carmem Lúcia Silva, que tem uma loja de roupas e lembranças, informa que o movimento do último verão foi pelo menos 30% menor, em relação ao anterior.
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Carmem também notou a mudança de perfil das pessoas que vão à Armação. De acordo com ela, não existem mais banhistas que vão para ficar na praia e passar o dia:
– Antes eu reclamava das pessoas que saíam molhadas da praia e entravam na loja, sujando tudo. Hoje, até sinto falta delas.