Os aumentos de preço do etanol e da gasolina no país estão deixando as ruas e avançando para a internet, assumindo contornos de protesto. Desde a quarta-feira, no Twitter, a hashtag #gasolinamaisbarata foi um dos temas mais comentados em todo o país, gerando uma série de manifestações e até a criação de abaixo-assinados virtuais.
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A polêmica em torno do preço dos combustíveis se intensificou na quarta-feira, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente da Petrobras, José Gabrielli, divergiram publicamente sobre a necessidade de aumento no preço da gasolina.
Enquanto Gabrielli defendeu o reajuste com base se o preço internacional do petróleo se mantiver elevado, Mantega disse que não existe previsão de aumento.
A presidente Dilma Rousseff sinalizou que pretende tomar uma série de ações para conter a alta de preços do etanol e evitar o desabastecimento do produto. Uma delas é a redução da mistura do álcool na gasolina.
A situação se agravou nas últimas semanas. Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) na última semana, o preço do etanol ficou ainda mais próximo ao da gasolina, tornando o combustível menos vantajoso para os proprietários de veículos flex. O abastecimento com etanol só é vantajoso caso ele atinja, no máximo, 70% do valor da gasolina.
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No Rio Grande do Sul, um dos estados onde abastecer com gasolina é mais proveitoso, a maior procura fez com que a demanda atingisse 183 milhões de litros do tipo A (sem adição de etanol), um recorde nos anos 2000. Mesmo assim, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) descartou riscos de desabastecimento.
Conforme levantamento feito por Zero Hora na última semana, uma pesquisa da ANP apontou valores muito diferentes entre municípios vizinhos e semelhantes entre cidades localizadas a centenas de quilômetros de distância em relação à refinaria da Petrobras, em Canoas. A disparada dos preços dos combustíveis no Estado fez o litro da gasolina se aproximar dos históricos R$ 3, reforçando as distorções entre cidades.
O aumento do consumo de gasolina deve-se à alta acelerada da frota nacional de veículos nos dois últimos anos, à disparada dos preços do álcool, impulsionados pelo período de entressafra e pela redução da produção das usinas, que preferem aumentar a fabricação de açúcar devido à alta da cotação internacional do produto. A frota gaúcha foi a quarta que mais aumentou em 2010. Pelos dados do Detran, à frota de 4,14 milhões de veículos no final de 2008, foram acrescentados 615 mil até fevereiro passado – alta de 15% em dois anos.
A justificativa para a alta histórica do preço do etanol está principalmente do desequilíbrio entre a demanda e a oferta. Entre 2007 e 2010, o consumo de etanol aumentou 60,9%, enquanto o crescimento na produção das usinas ficou em 38%.
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Segundo Mantega, o álcool subiu por causa da entressafra e da chuva. A partir de abril, a nova safra começa a ser colhida e a expectativa é de queda entre maio e julho.