Anote aí: R$ 1,45 milhão. Esse é o valor aproximado da contribuição que a população de Blumenau dará às termelétricas que foram acionadas para suprir a necessidade de energia por conta dos baixos níveis de água nos reservatórios. Com a bandeira vermelha destacada na conta de luz, as 148,8 mil unidades consumidoras da cidade, que têm um consumo médio mensal de 275 kilowatts por hora, gastarão em torno de R$ 10 a mais em agosto se comparado aos meses anteriores em que não havia tarifa diferenciada no serviço.
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O exemplo é fácil de entender: um blumenauense com consumo médio gasta normalmente R$ 197 na conta de luz. Com a nova taxa estipulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a partir deste mês, mais os encargos que vêm atrelados a ela, essa mesma conta no mês seguinte – com bandeira vermelha – será de R$ 206,85. São 5% mais.
Fato é que a conta ficará mais cara. Com a culpa praticamente toda nas costas de São Pedro, por conta da ausência de chuva em diversos pontos no Brasil – como ocorreu, por exemplo, no próprio Vale do Itajaí em julho –, o blumenauense terá que se acostumar com a boa e velha economia. Se quiser desembolsar menos na hora de pagar o boleto na lotérica, na boca do caixa, no self-service do caixa eletrônico, no internet banking, no aplicativo para smartphone ou qualquer que seja a forma com que você quita os débitos criptografados no código de barras, algumas medidas precisarão ser tomadas. Pode parecer mais do mesmo, mas lembrar das dicas sempre ajuda a gastar menos.
– Desligar a luz em ambientes que não são utilizados, abrir menos vezes a geladeira, tomar banhos mais curtos, acumular roupa para lavar de uma vez só, tirar aparelhos sem utilização da tomada, enfim. São pequenas ações que geram uma economia de 10% a 20% na fatura de energia. Economizar sempre trará um benefício na conta – explica o gerente regional da Celesc, Cláudio Varella.
Tarifa para setembro ainda é uma incógnita, diz Varella
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Embora a chuva tenha reaparecido em alguns pontos do Brasil – como em Blumenau, discretamente, nos últimos dias –, ela ainda não foi suficiente para atingir a capacidade considerada ¿favorável¿ nos reservatórios. Dizer, porém, que em setembro haverá novamente a bandeira vermelha, ainda é muito precoce. Conforme Varella, é só entre os dias 22 e 25 deste mês, após um estudo, que a Aneel divulgará se mantém o escarlate ou se recua para o amarelo – ou, na melhor das hipóteses, voltar ao patamar de junho, quando passou de vermelho para verde.
Pequenas centrais do Vale tiveram queda na geração de energia
O gerente regional da Celesc, Cláudio Varella, explica que o clima no Sudeste e no Centro-Oeste são os que mais influenciam no custo da energia em Santa Catarina e conta que a maior parte do consumo da energia vem da Hidrelétrica de Itá, no Oeste, e do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, no Sul do Estado. No entanto, a Celesc também conta com outras 12 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) próprias que fornecem energia para a companhia.
Três delas estão no Vale do Itajaí: as usinas do Salto, em Blumenau, Cedros e Palmeiras, em Rio dos Cedros. O chefe do Departamento de Operação e Manutenção da Celesc Geração, Flávio Spolaor, confirma que nos últimos 45 dias essas unidades tiveram queda na produção de energia e que a empresa aproveitou o período para fazer manutenção em geradores das PCHs.
Depois do mês de julho mais seco dos últimos 36 anos, agosto começou com chuvas como a de terça-feira. Segundo dados do Centro de Operações do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Itajaí-Açu (Ceops), os dois dias de chuva registrados neste mês em Blumenau já tiveram 24 milímetros de chuva – quase um quarto dos 100 milímetros que são a média deste mês, tradicionalmente mais seco do que outros. Não reflete necessariamente em um nível maior do rio por causa da interferência da maré, mas segundo o técnico do Ceops Mário de Oliveira, as chuvas do início do mês não resolveram, mas já ajudaram a amenizar a situação na região.
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O sistema
O programa foi adotado em 2015 e indica se a conta de luz custará mais ou menos tendo em vista as condições de geração de energia.
– Bandeira Verde: indica uma condição favorável, em que a fatura não sofre acréscimos.
– Bandeira Amarela: significa que a produção de energia não está em condições favoráveis. São R$ 2 a mais na fatura para cada 100kw/h consumidos.
– Bandeira Vermelha 1: geralmente por conta do tempo seco ou dificuldade no armazenamento, os reservatórios ficam com menos água para gerar energia via hidrelétricas. As termelétricas são acionadas e geram mais custo na produção da energia. São R$ 3 a mais na fatura para cada 100kw/h consumidos.
– Bandeira Vermelha 2: quando os níveis ficam ainda menores e elevam a uma situação de preocupação, a Aneel aciona o chamado ¿patamar 2¿, que exige mais de termelétricas – e até mesmo aciona as usinas nucleares, que geram energia a partir de materiais radioativos. São R$ 3,50 a mais na fatura para cada 100kw/h consumidos.
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