O aumento dos salários foi o principal motivo para o crescimento de 2,4% no consumo das famílias no segundo trimestre deste ano. Ainda assim, foi o pior resultado para os segundos trimestres desde 2003, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Continua depois da publicidade
A avaliação foi feita besta sexta-feira pela economista Maria Beatriz David, do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Segundo o IBGE, o consumo das famílias, mesmo reduzindo o ritmo de crescimento, vem mostrando resultados positivos há 35 trimestres seguidos.
A economista advertiu, no entanto, que o ganho da massa salarial no Brasil tende a se reduzir com o aumento dos preços das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior). Por isso, avaliou que o consumo das famílias, daqui para frente, vai continuar positivo, mas com taxa decrescente.
Maria Beatriz destacou que outro fator importante para a expansão do consumo das famílias foi o esforço da renúncia fiscal e do acesso ao crédito.
– Isso tem impacto no consumo. Ela acrescentou, porém, que as medidas do governo de renúncia fiscal tendem também a se esgotar.
Continua depois da publicidade
Salientou que as medidas de renúncia fiscal do governo foram renovadas, tentando manter o fôlego do consumo das famílias, mas é preciso aguardar para ver se esse objetivo se concretiza.
– Agora, temos que esperar para ver se elas vão continuar tendo impacto. Mas, na minha opinião, é que vai ser desacelerado (o consumo).
A expectativa de Maria Beatriz David é que o consumo das famílias nos próximos meses “não vai a zero, mas será cada vez menor’.
De outro lado, a economista explicou que o crescimento de 0,4% do Produto Interno Bruto no período pesquisado foi influenciado pela agropecuária, cuja expansão alcançou 4,9%.
Continua depois da publicidade
– E a agropecuária vai continuar funcionando bem, ante a crise nos Estados Unidos em função da seca, e na Europa também.
Com a desaceleração do consumo das famílias, segundo Maria Beatriz, “quem tende a puxar mesmo uma pequena parcela do PIB é a agropecuária”.