Anunciada há cerca de um mês, a elevação de 0,38% para 6,38% da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide em saques e compras feitas em moeda estrangeira por meio de cartões no exterior, já se reflete nas agências de viagens e, principalmente, nas casas de câmbio de Joinville, onde a liberação de dólares chegou a ser limitada no início de 2014.

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Estabelecimentos autorizados a realizar a compra e a venda de dólares consultados pela reportagem de “A Notícia” confirmaram os efeitos da medida, que resultou na queda na procura de cartões pré-pagos e um consequente aumento na busca pelo dinheiro em espécie. Agências que oferecem pacotes de viagens para o exterior também sentem os impactos.

– Sem dúvida, o cartão pré-pago (ou travel money, como muitos costumam falar) é ainda a alternativa mais segura. Mas nossa maior recomendação tem sido levar o dinheiro no bolso – conta Jaime Ferreira, gerente de uma agência de intercâmbio na cidade.

A medida pesa bastante no bolso do consumidor. Quem sacava US$ 500 ou fazia uma compra no mesmo valor com um cartão pré-pago nos Estados Unidos pagava US$ 1,90 em imposto. Agora, o valor saltou para US$ 31,90.

Para Roberto Vertamatti, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a decisão é um retrocesso.

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– O governo está querendo, com esta medida, diminuir o consumo dos brasileiros no exterior.

Mudança de estratégia

O comerciante Ideraldo de Santana, 45 anos, vai viajar a passeio para os Estados Unidos com a esposa e a filha na primeira semana de março. Diferentemente das vezes anteriores, desta vez ele acredita que a melhor opção será levar mais dinheiro vivo.

– Se antes eu costumava me programar com 10% do dinheiro total carregado em espécie, agora pretendo ir com 60% ou mais. Talvez não seja tão seguro quanto o cartão pré-pago, mas me parece ser a melhor saída – conta.

Atento a uma possível falta de dinheiro em espécie, o comerciante já reservou a quantia que pretende levar em uma casa de câmbio e quer trocar o valor antes do início de fevereiro.

Procura pelo cartão pré-pago chegou a cair até 75%

Entre as casas de câmbio consultadas pela reportagem, todas confirmaram o aumento na busca por dinheiro vivo. Numa delas, o gerente, que preferiu não se identificar, afirma que a procura pelo cartão pré-pago caiu 75%. Além disso, os estabelecimentos chegaram a registrar escassez de dólar depois de uma grande demanda de procura entre os dias 20 de dezembro e 10 de janeiro.

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Em outro estabelecimento que também preferiu não ter seu nome citado, a gerente confirmou um “aumento drástico” na procura por moeda em espécie. Segundo ela, outras praças passam pela mesma situação.

De acordo com a consultora de viagem Roberta Salles, que faz a ponte direta dos clientes dentro e fora do País, para quem está em intercâmbio a melhor opção ainda é manter o cartão pré-pago, até por causa da facilidade.

– Durante o atendimento, a gente costuma conversar e informar o cliente sobre o aumento da taxa. Há situações em que acabamos recomendando o cartão de crédito para o caso de emergência – constata.

Cuidados no bolso

Ao usar o cartão:

Lembre-se que a administradora do cartão cobra a cotação vigente no dia do vencimento da fatura, e não da compra.

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– Na cotação, pode ser usado como referência o dólar comercial ou o de turismo, e ainda há risco na cobrança de uma taxa. O mesmo serve para compras realizadas em sites internacionais.

– Equilibre o uso do cartão com o dinheiro em espécie, pois ele pode não ser aceito em todos os estabelecimentos comerciais.

– Se for usar cartão internacional, não esqueça de desbloqueá-lo para uso no exterior.

– Considere o acúmulo de milhas em compras no cartão, pois pode ser que até

o vencimento da fatura a cotação do dólar tenha tido um aumento considerável.

Ao comprar dólar:

– Faça uma pesquisa nas casas de câmbio. Quando for fechar a compra, certifique-se da segurança e da credibilidade do estabelecimento.

– As casas de câmbio não cobram exatamente o valor do dólar comercial. Em cima do total há uma taxa pelo serviço.

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– Uma opção é buscar a moeda diretamente no banco do qual é correntista. Converse com o seu gerente.

– Quem deixa para comprar dólar no aeroporto pouco antes de embarcar paga mais. Fique de olho nas cotações da moeda.

– Se for carregar o dinheiro em espécie, no bolso, redobre a atenção e os cuidados.