De acordo com Sandro Sell, professor de Criminologia da Univali, a compra de armamentos por civis é um reflexo da falta de segurança que deveria ser garantida pelo Estado. Esse cenário ainda teve influência direta das duas ondas de atentados registradas em Santa Catarina. Para o professor da Univali, a ascensão desse nicho de mercado deve se manter não apenas no Brasil.

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Por que o catarinense é recordista de compra de armas no país?

Você tem armas em casa?

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Diário Catarinense – Por que cresceu tanto o número de armas adquiridas por civis no Estado?

Sandro Sell – Sem dúvida tem relação com toda a crise da segurança e com os ataques do Primeiro Grupo Catarinense(PGC). Ficou bastante evidenciada a fragilidade do Estado em dar proteção ao cidadão. Mesmo que seja desprorporcional ao crescimento dos homicídios, e mesmo que as pessoas mortas nesse aumento não sejam da classe que compra as armas. As pessoas que compram as armas moram em lugares mais protegidos, onde a violência não cresceu dessa forma. Elas compram para se sentirem mais seguras. É uma saída privada para um problema público.

– A tendência é continuar crescendo o número de armas compradas por civis, mesmo com a campanha pelo desarmamento?

Sell – Sim. Se vê isso também em outros países, sobretudo com o crescimento e a espetacularização da violência, que passa essa ideia de que o Estado não vai dar conta e que a segurança se torna um assunto privado. Veja o que aconteceu com a classe média nas áreas da saúde e educação. Ela tenta ir para o plano privado e vai para para a escola particular tentando fugir dos problemas gerados pela incapacidade do Estado na pública.

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DC – A arma protege o cidadão?

Sell – Pelas estatísticas, não. A ideia básica é de que ela expõe mais o sujeito. É uma distorção no raciocínio que as pessoas compradoras de armas estão tendo. Elas não vislumbram outras alternativas para resolver conflitos que não sejam o uso da arma. Por exemplo: uma briga com o vizinho. Se tem arma, a pessoa se sente mais à vontade para tirar satisfação, aumentando os riscos.