O aumento de casos da febre do oropouche vem levantando um alerta em Santa Catarina. Transmitida pelo mosquito maruim, a doença foi registrada no Estado pela primeira vez em 26 de abril deste ano. Na última quinta-feira (13), já eram 78 ocorrências, de acordo com a Secretaria de Saúde (SES).
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A febre do oropouche é uma arbovirose e tem sintomas semelhantes aos da dengue. A doença é endêmica da região amazônica, mas vem se espalhando para outros estados. Neste ano, além de Santa Catarina, a febre foi notificada na Bahia, Acre, Espírito Santo, Pará, Piauí, Roraima, Minas Gerais, Amapá e Pernambuco.
Situação em Santa Catarina
Em Santa Catarina, o número de casos vem crescendo rapidamente. A quantidade foi de três, em 26 de abril, quando houve as primeiras confirmações, para 38, no dia 24 de maio, quando a SES divulgou um segundo boletim da doença. Em 7 de junho, eram 52 casos e, agora já são 78.
Até agora, os casos se concentram no Vale do Itajaí. Os três primeiros registros foram em Botuverá, no Médio Vale. Depois, se espalharam em outras cidades da mesma região e também na Foz do Rio Itajaí. Também há registros na Grande Florianópolis, em Antônio Carlos e Tijucas.
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Segundo João Fucks, diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da SES, o crescimento tem a ver com a ampliação da testagem. Em abril, o Estado começou a fazer testes com kits específicos de febre do oropouche enviados pelo Ministério da Saúde. Até então, os estados não tinham autonomia para fazer os testes, e precisavam enviar as amostras a laboratórios de referência.
Além disso, segundo o diretor da Dive, a presença maruim em alguns municípios catarinenses facilitou a transmissão, já que o mosquito é o vetor da doença. Luiz Alves, por exemplo, onde a maioria dos casos foi registrada, chegou a decretar situação de emergência pela infestação do mosquito. Outras 16 ocorrências se concentram em Botuverá.
— Botuverá e Luiz Alves são muito propícios para a reprodução do vetor. Ou seja: têm uma área verde bastante densa, têm uma produção agrícola importante. O maruim se reproduz em matéria orgânica, então isso facilita a maior ocorrência da doença — explica Fucks.
De acordo com o Ministério da Saúde, o maruim se prolifera principalmente durante períodos de calor em ambientes úmidos, como em áreas próximas a mangues, lagos, brejos e rios. Também há vetores em espaços urbanos, onde há disponibilidade de água e matéria orgânica, sobretudo próximo a hortas, jardins e árvores.
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Casos confirmados febre do oropouche por município em SC
- Antônio Carlos – 2 casos
- Benedito Novo – 1 caso
- Blumenau – 3 casos
- Botuverá – 16 casos
- Brusque – 6 casos
- Corupá – 2 casos
- Guabiruba – 1 caso
- Ilhota – 5 casos
- Jaraguá do Sul – 1 caso
- Luiz Alves – 35 casos
- São Martinho – 1 caso
- Schroeder – 3 casos
- Tijucas – 2 casos
Doença mais benigna
Segundo João Fucks, a febre do oropouche não costuma levar a quadros graves, como ocorre com mais frequência com a dengue. Até agora, Santa Catarina não registrou nenhuma morte pela nova doença. A dengue, por outro lado, já causou 256 óbitos em 2024.
— A literatura mostra que há uma resolução dos quadros, não há tanta mortalidade quando a dengue. Parece ser uma doença mais benigna — observa.
Veja os sintomas e como prevenir a febre oropouche
Clinicamente, é difícil diferenciar a febre do oropouche da dengue, pois os sintomas são muito semelhantes. Um diagnóstico definitivo só pode ser feito através de exame laboratorial, feito com PCR, a partir de uma amostra de sangue coletada até o quinto dia do início dos sintomas.
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Devido à limitação de kits de diagnóstico, a testagem da Secretaria de Saúde é focada em áreas com suspeita de transmissão da doença. Segundo o diretor, a estratégia tem duas frentes:
— Quando temos municípios com muitas suspeitas de arboviroses, mas muitos resultados negativos para a dengue, isso é um primeiro alerta para que a Secretaria de Saúde envie algumas amostras para testagem. Outra testagem é aleatória, no Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), nos testes cujos resultados deram negativo para dengue — explica.
Saiba como prevenir a febre do oropouche
- Evitar áreas onde há muitos casos da febre oropouche.
- Reduzir as picadas de insetos, que pode ser feito através de:
- Uso de roupas que cubram bem o corpo.
- Uso de sapatos fechados.
- Aplicação de repelentes nas partes do corpo expostas.
- Limpar áreas ao redor da casa para diminuir a presença de insetos.
- Recolher folhas e frutas do chão para evitar a atração de insetos.
- Usar telas em portas e janelas para prevenir a entrada de insetos.
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