Amarildo Wilbert tem 31 anos. Levanta todos os dias com o raiar do sol e dedica a maior parte do tempo aos bananais da família, na localidade conhecida como Ribeirão da Onça, em Luis Alves. Com a ajuda do pai, cuida da plantação de bananas nanicas espalhada por sete hectares, o que rende uma produção de 220 toneladas ao ano.
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A família é o retrato de 400 produtores do município, que em um ano viram o preço da fruta despencar: uma caixa de 22 quilos baixou de R$ 10,50 em julho de 2014 para R$ 5,50 neste mês. O valor está abaixo do custo da produção, estimado em R$ 7 a caixa, e afeta a saúde financeira dos produtores. Eles temem não ter condições de honrar os financiamentos feitos no ano passado para aumentar a colheita.
Segundo dados da Associação dos Bananicultores de Luis Alves (Abla), entre janeiro e junho de 2014 foram produzidos pela região de Luis Alves – formada por Ilhota e Navegantes – 57 mil toneladas. Neste ano, no mesmo período, foram produzidas 75 mil toneladas.
A situação deixa poder público e Abla em alerta e faz com que estudem maneiras para contornar a crise na principal culturaagrícola do município. A tão conhecida lei da oferta e da procura explica parte de problema: se de um lado a colheita foi acima das expectativas – causada por investimentos nas lavouras e clima ameno no inverno – a crise econômica força a redução no consumo.
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Colheita de fruta é base da economia municipal
Os produtores também reclamam que arcam com todo o prejuízo e acreditam que deveria ser dividido com os atravessadores, que compram, transportam e revendem a fruta aos mercados e consumidores finais.
– A situação é assustadora. Eles puxam o preço para baixo. No mercado, a banana está no mesmo preço do ano passado. O que reduziu foi o valor pago ao produtor – avalia o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Luis Alves, José Luiz Pering.
Mas os compradores também argumentam que a rentabilidade nos carregamentos caiu. O produtor e comerciante Ricardo Reicher garante que chegava a lucrar R$ 2 por caixa. Hoje o ganho não passa de R$ 1.
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– Em muitos casos a produção foi maior do que a possibilidade de compra e para vender a banana que sobra o produtor começa a baixar o preço. Sempre há alguém ofertando mais barato – avalia o também produtor e comerciante Sidnei Reck.
Atualmente a produção rural representa 14% da arrecadação direta e 40% da indireta do município. Dessa fatia, 95% vem da como agricultura familiar. A banana está no topo da produção e representa 70% do total, seguida pelo gado de corte e palmeiras.