Em entrevista ao Diário Catarinense, o professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do International Advisory Group (IAG), João de Deus Medeiros, reforçou a idéia de que o aumento do desmatamento na Amazônia foi provocado pela pressão para elevar a produção de soja e carne.
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Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros realizaram reunião de emergência para discutir o desmatamento “nunca antes visto” registrado nos meses de novembro e dezembro do ano passado na Amazônia.
O professor João de Deus, que participou de missão na região amazônica no ano passado, destacou que o controle efetivo para coibir as queimadas no Brasil ainda é bastante negativo.
Para ele, é preciso qualificar os agentes de fiscalização e acabar com a interferência do poder econômico sobre o poder político. O professor citou o caso do Mato Grosso, estado com maior índice de desmatamento e um dos principais produtores de soja do mundo.
– É necessário reduzir o nível de ingerência política. Não é incomum a atuação de políticos locais como gerentes de negócios – destacou.
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Medeiros lembrou também da falta de estrutura municipal e de técnicos especializados para trabalhar as questões ambientais e citou as condições climáticas como fator favorável ao aumento no processo de desmatamento. Segundo ele, o prolongamento do período mais seco, no final do ano passado, ajudou a expansão destas atividades.
– As queimadas indiscriminadas na região da Amazônia, que servem para limpar os terrenos, além de favorecer o desmatamento, ainda colocam o Brasil numa posição de grande emissor de gases de efeito estufa – explicou.