O brasileiro perdeu o medo da vasectomia. O número de cirurgias de esterilização feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu quase 80% em seis anos no Brasil, saltando de 19,1 mil em 2003 para 34,1 mil em 2009. Consultórios particulares também registram aumento da procura.
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Para especialistas, em parte esse aumento é atribuído à política de saúde do homem do Ministério da Saúde, que passou a oferecer o tratamento na rede pública, e à cobertura dos planos de saúde.
– As pessoas estão mais informadas, sabem que não tem nada a ver com perda de masculinidade. Os mitos estão caindo – afirma o urologista Joaquim Claro, do Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenador do Hospital do Homem.
Na contramão dessa tendência, cresce também o número de homens que querem voltar atrás. Não há dados oficiais sobre o assunto.
-Estima-se que esteja perto do que ocorre nos Estados Unidos, onde de 3% a 6% buscam a reversão da cirurgia – observa Modesto Jacobino, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
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– Hoje faço cerca de uma reversão por semana, antes eram uma ou duas a cada seis meses – diz Claro.
Os motivos mais comuns para a reversão são um novo casamento, a morte de um filho ou a melhora na situação financeira do casal.
– A procura tem aumentado entre 10% e 15% ao ano. E a cirurgia para reversão tem o dobro das chances de sucesso (de gravidez) e custa a metade da fertilização in vitro – estima Jorge Hallak, do Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas.
A cirurgia de reversão é hoje muito eficaz. Com técnicas de microcirurgia, é possível restabelecer a ligação que foi cortada. Mas nem sempre a gravidez acontece. Após 10 ou 12 anos de vasectomia, a qualidade dos espermatozoides fica comprometida.
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– Embora seja reversível, a filosofia é de irreversibilidade – enfatiza Claro.
Isso porque, enquanto a vasectomia é uma cirurgia simples e rápida, a reversão é mais complicada e exige um profissional bem treinado.
As recomendações
:: Segundo especialistas, a vasectomia só deve ser feita após uma decisão madura. Há normas que estabelecem que o homem deve ter no mínimo 25 anos e pelo menos dois filhos
:: Médicos seguem ainda outras recomendações, como manter uma longa conversa na primeira consulta, muitas vezes com o casal
:: Depois disso, costumam esperar ainda até dois meses para marcar a cirurgia, para que o casal possa refletir sobre a decisão. Também não se costuma operar pais de bebês menores de seis meses
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