Com a chegada do calor em Joinville, o número de serpentes localizadas na área urbana aumenta. Dados do Corpo de Bombeiros Voluntários demonstram que, de janeiro a setembro deste ano, a guarnição foi acionada para capturar 131 cobras na cidade, 29,7% a mais do total (101) resgatado no mesmo período do ano passado. A alta temperatura e o desmatamento no habitat natural destes animais fazem com que migrem para outros espaços.
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— Como estamos rodeados por mata e há espécies nativas daqui, elas são encontradas em grande quantidade. Com a destruição do habitat e das fontes de alimento e de água, as serpentes procuram em algumas casas esses dois fatores – explica Fábio Silvério, bombeiro voluntário especialista na contenção de animais peçonhentos.
De acordo com o profissional, as capturas de cobras acontecem com mais frequência em casas que acumulam entulhos e que têm vegetação no entorno. Os restos de materiais como madeiras, telhas e tijolos favorecem a proliferação de animais como os ratos e baratas, que são os alimentos das cobras.
Como são ectotérmicas – que não são capazes de controlar a temperatura corporal, as serpentes vão atrás de umidade e lugares frios em dias de muito calor para diminuir a temperatura do corpo. Por isso, é comum os bombeiros encontrarem as cobras escondidas em cantos escuros e frios, como embaixo de pias e tanques.
No ano passado, os bombeiros capturaram 157 cobras na cidade. Em 2018, os bairros que mais registraram a captura são Nova Brasília (10), Aventureiro (9), Adhemar Garcia (8), Anita Garibaldi (8), Iririú (8) e Pirabeiraba (7). Os meses de janeiro e dezembro são os que mais acumulam essas ocorrências por causa da elevação das temperaturas.
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Os bombeiros são responsáveis pela captura correta e a soltura imediata em local apropriado destes animais silvestres, evitando acidentes às pessoas e protegendo as espécies. As principais cobras nativas encontradas na região joinvilense são a coral, a jararaca e a jararacuçu – as três são venenosas –, variando de tamanho entre um metro e 1,60m. Além disso, outros tipos de cobras, que não são nativas das matas catarinenses, já foram encontras na cidade, como a cascavel e até espécies africanas, por exemplo.
Área urbana estressa estes animais
As cobras são animais que não convivem bem com os humanos porque são espécies primitivas, conforme Silvério. Elas não mordem as pessoas para atacar, mas como uma maneira de defesa. A movimentação de passos, conversas e a presença de vários odores em um mesmo ambiente estressam os animais, fazendo com que o instinto de defesa acentuado e os botes sejam mais frequentes e mais venenosos.
— Se o animal estiver estressado, ele não joga aquela quantidade de veneno para matar um rato, o bicho vai gastar a bolsa de veneno toda naquele ataque — explica Silvério.
A grande quantidade de veneno na picada pode até dificultar o tratamento, segundo o bombeiro, porque a aplicação do soro é feita conforme a quantia encontrada na corrente sanguínea. Uma picada da cobra pode até ser fatal, tudo vai depender de fatores como a dose do veneno, a idade da vítima e estado de saúde da pessoa. Silvério alerta que o veneno das serpentes não age instantaneamente no organismo, demorando de quatro a seis horas para começar a aparecer os sintomas. Este período é o tempo máximo indicado para o paciente procurar um hospital.
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A principal orientação é que as pessoas não se aproximem, cutuquem e nem matem estes animais ao encontrá-los em ambientes urbanos. Ao avistar uma cobra, é preciso isolar a área, retirar crianças e animais de estimação e acionar os bombeiros pelo telefone 193. Fora o veneno, a picada das serpentes ainda pode ser fatal por causar infecções às pessoas ou transmitir bactérias, já que elas vivem em locais sujos e se alimentam de animais, como ratos e baratas.
Outros animais capturados
Além das cobras, os bombeiros recolhem outros animais peçonhentos, como aranhas, escorpiões e abelhas. A picada desses animais tem importância médica, segundo o bombeiro, e é preciso procurar atendimento médico para receber o tratamento adequado. No caso dos escorpiões, o amarelo não é uma espécie nativa do País. A fácil adaptação ao meio urbano e a reprodução que independe da presença de outro indivíduo da espécie contribuem para o aumento no registro destes animais em Joinville.
Assim como as cobras, os escorpiões também se alimentam de bichos que vivem em entulhos, por isso é importante manter quintais e terrenos baldios limpos. Já para as aranhas, é preciso redobrar os cuidados com o manuseio de caixas de frutas e embalagens tipo pallets e terrenos onde haja restos de materiais de construção.
— Há alguns dias, eu estava no mercado e, quando fui pegar frutas dentro de uma caixa, tinha uma aranha-armadeira. Para uma criança, a picada dela poderia até ser letal — conclui Silvério.
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Outros animais também são resgatados pela Corporação dos Bombeiros, ainda que não sejam bichos venenosos, como gambás, gatos, cachorros, lagartos, macacos e morcegos.
NÚMEROS
Cobras capturadas
2017: 157
2018*: 131.
* Até 30/9/2018.
Ranking dos bairros com mais ocorrências em 2018
– Nova Brasília: 10
– Aventureiro: 9
– Adhemar Garcia: 8
– Anita Garibaldi: 8
– Iririú: 8
– Pirabeiraba: 7
– Vila Nova: 7
– Costa e Silva: 6
– Centro: 5
– Floresta: 5
Quantidade por área
Região central: 21
Zona Leste: 26
Zona Norte: 30
Zona Oeste: 22
Zona Sul: 32
Cuidados
– Manter os terrenos livres de lixo, restos de madeira e materiais de construção e de vegetação alta;
– Ao fazer a limpeza dos terrenos, poda de árvores ou mesmo jardinagem, usar luvas, botas e perneiras para prevenir acidentes durante a roçada;
– Promover a desratização regularmente;
– Pinte de branco os troncos das árvores próximas às residências. A medida facilita a visualização de lagartas urticantes;
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– Não tente capturar as serpentes, caso não tenha conhecimento técnico para isso;
– Se encontrar um escorpião, jamais esmague porque dificulta a identificação. Faça a captura improvisando uma pinça longa e acione a Vigilância Sanitária;
– Em todos os casos, se for picado, busque atendimento médico e acione os bombeiros pelo telefone 193.
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