Amparados sempre em princípios éticos inarredáveis, os governantes devem se afastar da fama de paquidérmico que ronda o serviço público no Brasil. ??
Continua depois da publicidade
É inegável que há uma importante discussão a ser aprofundada no Brasil envolvendo o pacto federativo, com clareza sobre as atribuições de cada um – municípios, Estados e União – e o maior equilíbrio possível em relação às fontes de financiamento. Mas independentemente de eventuais injustiças quanto à divisão do bolo orçamentário, os gestores públicos têm a responsabilidade de conduzir com profissionalismo cada vez maior os mandatos delegados pelos eleitores. Gastos menores do que a receita, combate aos desperdícios, investimentos que privilegiem o interesse público são apenas três dos itens que devem fazer parte da cartilha de todo administrador. Amparados sempre em princípios éticos inarredáveis, os governantes devem se afastar da fama de paquidérmico que ronda o serviço público no Brasil, em todas as esferas.
Sob esse ponto de vista, serve de alento o projeto de gestão municipal que envolve sete municípios de Santa Catarina – Araquari, Garuva, São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, Gravatal, Santo Amaro da Imperatriz e Itajaí. Todos assinaram um termo de adesão que prevê capacitação da administração pública para lidar com gerenciamento de metas e resultados, conforme reportagem publicada pelo DC nesta quarta-feira. É uma forma de incorporar ao cotidiano dessas repartições públicas municipais um pouco dessa prática, já amplamente arraigada nas empresas privadas. As prefeituras que encararam o desafio vão receber, por exemplo, cursos e treinamentos sobre equilíbrio fiscal, planejamento estratégico e formação de equipes com liderança. E todos participantes terão um cronograma a cumprir nos próximos 10 meses.
O Centro de Liderança Política, que conduz o programa em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento, faz um diagnóstico preciso do cenário municipal de Santa Catarina e até do país ao registrar que as administrações públicas não estão habituadas com o sistema de métricas e que isso pode causar um desconforto inicial. Mais do que isso: o grande desafio, segundo o coordenador Luiz Felipe D´Ávila, será equalizar os desafios técnicos e políticos que serão trazidos pela implantação de novos paradigmas no jeito de comandar órgãos públicos. Os desafios são complexos e crescentes e não há espaço para omissão, em quaisquer dos níveis.
Continua depois da publicidade
Essa capacitação pode ser um divisor de águas nessas cidades catarinenses, com consequências positivas para seus habitantes. Afinal, espera-se que uma gestão mais eficiente garanta mais recursos para investimentos em obras para o contribuinte, que tem todo o direito de cobrar que o dinheiro arrecadado através dos impostos seja aplicado com lisura, parcimônia e, sobretudo, com absoluta transparência.