Lá se vão quatro meses desde que escrevi aqui, nesse mesmo espaço, um texto dizendo que no esporte quem dá esmola não vê futuro. A ironia, ligada diretamente a uma campanha da prefeitura de Blumenau lançada em maio deste ano, dizia respeito a um projeto de lei que tramitava na Câmara de Vereadores e pretendia liberar a realização de pedágios para entidades esportivas que levassem o nome da cidade.
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Pois então. A proposta foi aprovada em agosto e neste sábado o Bluvolei/Furb/FMD, responsável pelo vôlei feminino, fará pelas sinaleiras da cidade a primeira ação desse tipo que envolve o esporte blumenauense.
Temo o efeito que isso pode causar. Coletar moedas e uma ou outra cédula de motoristas e motociclistas que trafegam pelas nossas ruas, pode ser uma solução rápida para resolver problemas e encontrar a mascada necessária para garantir a sobrevivência no ano que vem pela frente, mas é algo paliativo.
É tapar o sol com a peneira, como no ditado popular, onde você coloca nas costas de milhares de pessoas e suas boas ações a condição do subsídio para manter a equipe.
E aí a bronca não vai apenas ao poder público – que diferentemente do que pode pensar, não poderá lavar as mãos com os milhares de reais que serão coletados neste sábado -, mas também para a iniciativa privada. Não é de hoje que Carlos Henrique de Oliveira, técnico do vôlei feminino, reclama da falta de apoio de empresas, que simplesmente ignoram o projeto.
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Enquanto os pedágios realizados por ONGs ou entidades assistenciais têm sentido por serem projetos onde não há uma constante exposição na mídia, esse mesmo critério não vale para clubes que representam a cidade nos mais diferentes esportes. O contexto social, o desempenho no alto rendimento e a mídia espontânea são argumentos suficientes para buscar investimentos privados que fogem de pedir dinheiro na rua.
E quando digo que a prefeitura não pode dar uma de Pôncio Pilatos é no sentido de que embora empresários não comprem a briga, não se pode simplesmente dizer que não há dinheiro em caixa para amenizar a responsabilidade.
É uma pena que o esporte da cidade 41 vezes campeã nos Jogos Abertos de Santa Catarina, que revelou atletas como Tiago Splitter, Ana Moser e Duda Amorim, tenha de fazer pedágios para sobreviver. Digo e repito: precisamos parar de regurgitar as conquistas do passado e pensar em renovação.
E isso nada tem a ver com o Bluvolei que, neste sábado, fará a sua parte para dar continuidade a um projeto espetacular que envolve centenas de meninas com o esporte na cidade.
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