São impressionantes as artimanhas e articulações que precisam ser feitas para manter algumas modalidades esportivas em Blumenau. Enquanto umas, graças principalmente à captação de recursos junto à iniciativa privada, desenvolvem seus projetos com consistência e segurança financeira, outras precisam organizar eventos e vender rifas para conseguir ao menos grana suficiente para sobreviver. São peripécias do dia a dia criadas não só pela dependência que os esportes têm de dinheiro público, mas também pela dificuldade dos próprios clubes de organizar diretorias e determinar funções – muitas vezes o próprio técnico da modalidade é o presidente, tesoureiro, roupeiro.

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O título desse texto faz referência a uma campanha lançada em maio pelo município, conscientizando a população a não dar dinheiro para moradores de rua na cidade. A ligação (de forma irônica, que fique bem claro) que faço é com um projeto que tramita na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara de Blumenau, que propõe ampliar os pedágios beneficentes também para entidades esportivas. A matéria foi apresentada há exatamente uma semana e surge como mais uma solução paliativa adotada para manter o esporte.

Que esse projeto favorece as nossas modalidades é algo incontestável, mas é preciso raciocinar sobre um ponto bem específico: estará sendo assinado o atestado de incompetência de gestão quanto ao esporte, que não precisa de pedágios e esmolas e sim de políticas públicas que facilitem o acesso aos empresários e à obtenção de dinheiro. Tapar o sol com a peneira é fácil, mas vamos pensar algo consistente e a longo prazo, por favor.