O cancelamento dos Jogos Abertos de Santa Catarina que ocorreriam em Tubarão precisa ser estopim para dar sentido à famigerada frase “é preciso repensar os Jasc”. A indiferença que pude sentir de atletas e até mesmo dirigentes esportivos com a notícia de que as competições não mais seriam realizadas é uma prova de que o evento além de não ter apelo popular há alguns anos ainda por cima sofre com um certo desprestígio daqueles que são responsáveis por ele existir. É errado isso? Óbvio.
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Os Jogos Abertos não podem ser empurrados com a barriga como se fossem apenas mais um compromisso anual. Podem e devem ser tratados como a segunda principal competição multiesportiva do Brasil, perdendo apenas para os Jogos Abertos do Interior de São Paulo. Devidas as proporções, os Jasc têm de ser a Olimpíada catarinense, com organização, estrutura e, principalmente, um conjunto entre legado e presença de público. De nada adianta fazer um evento desse porte para consumo próprio com o único objetivo de agradar egos. É preciso dar adeus às panelinhas e pensar no contexto do esporte como o grande foco, não fazendo uma competição apenas por fazer, para preencher calendário.
Como fazer isso? Façamos os Jasc a cada dois anos.
Calma. Não me crucifiquem. Nenhum atleta vai ficar desempregado. É uma coisa que precisa ser pensada com paciência, onde três situações têm de ser aliadas: valorização dos campeonatos estaduais das modalidades como etapas classificatórias, com repercussão e, claro, subsídio por parte da Fesporte, incentivando as federações a apoiar diretamente os clubes; tornar os regionais realmente relevantes no cenário esportivo e não somente como um vestibular para os Jasc; e, por fim, otimização dos recursos que seriam investidos em dois anos em um, dando à cidade que receba o evento um legado na prática, principalmente com estruturas reformadas e novas praças esportivas construídas. É uma forma de desafogar o calendário, dar um respiro aos dirigentes e ao mesmo tempo garantir a grana no bolso, mês a mês, dos atletas.
Toda a história dos Jogos Abertos de Santa Catarina não pode se acabar, mas ao mesmo tempo não pode ser jogada no canto como se fosse um mero compromisso anual. O esporte não é só isso.
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