Àqueles que não estão familiarizados com o alemão, “Mischlingshund” significa vira-lata e, sim, vou fazer uma analogia entre essa expressão e o Complexo de Vira-Lata – escrito na década de 1950 pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. A tempestade de questionamentos nesta semana quanto à passagem da tocha olímpica em Blumenau mostrou que, definitivamente, é mais fácil agradar gregos e troianos ao mesmo tempo, do que o cidadão blumenauense.
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Nas redes sociais, as reclamações de que “o dinheiro da tocha deveria ter sido usado na saúde” eram constantes, de pessoas que, talvez, não saibam mensurar quanto corresponde o montante, na prática, destinado a esse setor.
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A título de comparação, o montante empenhado à saúde na cidade neste ano soma R$ 257 milhões. O valor gasto com a tocha, segundo o município, com um ônibus, equipamentos de som e segurança, beirou os R$ 23 mil – longe, ainda, dos R$ 180 mil enaltecidos por muitos “entendidos” no decorrer da semana.
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O número corresponde a 0,008% do valor disponibilizado à saúde em 2016. Será que deveríamos realmente ter recusado a passagem do fogo olímpico na nossa cidade, um acontecimento relevante em nível regional, que certamente não acontecerá mais neste século, para incrementar um valor que nem sequer faz cócegas no orçamento, por exemplo, da Secretaria Municipal de Saúde?
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Não. Não estou defendendo a prefeitura nessa história. O que defendo – e sempre o farei – é a valorização de um símbolo histórico, que é a chama olímpica, e sua estadia, ainda que curta, em Blumenau. É um fato que poderemos contar para sempre, e algumas pessoas ainda não entenderam isso. Já os que acham o fato irrelevante, tudo bem, sem problemas.
Apenas respeitem os que apreciam todo o contexto histórico, deixando de lado o viralatismo e as analogias esdrúxulas, por vezes sem qualquer fundamentação, entre a atual situação política e o esporte. Combinados?
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