Esquentou o clima no fim do mês passado em uma reunião entre os técnicos da Associação de Atletismo de Blumenau (AABlu) e o ex-presidente da Fundação Municipal de Desportos, Sérgio Galdino. Os treinadores questionaram ao ex-dirigente o pagamento em torno de R$ 150 mil em 2016 a quatro marchadores da cidade, que recebiam mensalmente pelo programa Bolsa Atleta a quantia de R$ 3 mil por mês cada um – teto do programa.
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Em um momento de contenção de despesas por conta da crise econômica – algo que teve de ser colocado em prática por todas as fundações, autarquias e secretarias do poder público no ano passado -, chama a atenção o valor pago a apenas quatro atletas em uma modalidade com nem tanta repercussão assim. Isso contradiz totalmente a necessidade de otimização dos gastos determinada pela prefeitura.
“Ah, mas eles são atletas olímpicos”. Não importa. É preciso definir prioridades. Vale lembrar que por um valor próximo de R$ 8 mil mensais o vôlei masculino de Blumenau desistiu de disputar a Superliga. Os técnicos do atletismo questionam o beneficiamento de atletas por serem da marcha, mesma modalidade que era praticada pelos dois últimos presidentes da Fundação Municipal de Desportos.
Conforme o diretor financeiro da AABlu, Pedro Honório Nascimento, com o valor pago aos quatro seria possível trazer uma dezena de atletas de nível nacional para desenvolver um trabalho com os jovens na iniciação esportiva e representar a cidade em competições, além de evitar a evasão das promessas – como é o caso de Isabel de Quadros, bicampeã mundial estudantil no salto com vara, que deixou Blumenau no fim do ano passado para treinar em São Paulo.
Pagamentos rechonchudos como esse de quase R$ 150 mil para quatro marchadores precisam ser revistos pela FMD a partir de agora. Por diversas vezes durante o último ano ouvimos dirigentes esportivos dizerem que em modalidades que disputam competições nacionais o que precisa prevalecer é o investimento da iniciativa privada. Diziam que eram as empresas que deveriam financiar projetos como o do vôlei, basquete e futsal, por exemplo, que pleiteavam reajustes para poder representar a cidade no Brasil. Por que então com a marcha atlética é diferente?
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