No próximo dia 8 de novembro, Antonio Marcos completaria 70 anos. Antecipando-se à data, o selo Discobertas, do pesquisador e produtor fonográfico carioca Marcelo Fróes, lançou duas caixas com quatro discos cada, trazendo aos antigos fãs e aos colecionadores, pela primeira vez em CD, todos os álbuns e compactos gravados pelo cantor romântico paulista entre 1967 e 1976.
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A receptividade que estão tendo as caixas, informa Fróes, é uma prova de que Antonio Marcos não foi esquecido. Nascido em uma família de classe média baixa, fez muito sucesso, alimentou as revistas de fofocas e celebridades com uma vida amorosa agitada e comportamento desregrado pelo uso de álcool e drogas, morrendo aos 47 anos, em 1992. Com tantas biografias e documentários biográficos produzidos ultimamente no Brasil, é curioso que ele ainda não tenha sido lembrado.
Além de cantor bem acima da média, Antonio Marcos era bom compositor e tinha o perfil de galã. Depois do primeiro sucesso, em 1968, com Tenho um Amor Melhor que o Seu, de Roberto Carlos, fez teatro político atuando na peça Arena Conta Zumbi (1969) e esteve no elenco de Hair (1970). Também atuou no cinema e em telenovelas. Participou da era dos festivais, foi o melhor intérprete no 5º Festival da MPB, da TV Record.
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Na vida amorosa, a primeira namorada foi Martinha, cantora da Jovem Guarda que, recentemente, declarou ter sido ele “o grande amor da minha vida”. Depois, casou com a cantora Vanusa, em seguida com a atriz Débora Duarte e finalmente com Ana Paula, enteada de Roberto Carlos. Teve cinco filhos, entre eles a atriz Paloma Duarte e a cantora Aretha (que estrelou vários musicais infantis da Globo).
Enfileiro tudo isso para enfatizar que o cara mandou ver, não era qualquer um. Os oito discos, lançados originalmente pela RCA, são a trilha sonora da trajetória dele. O primeiro, de 1969, é ainda bem ligado à estética da Jovem Guarda, que vivia seus dias finais. Depois, contando com bons arranjadores, Antonio Marcos passa a definir uma linguagem própria, sempre romântica mas com variantes como seu maior sucesso, O Homem de Nazareth (Claudio Fontana), e como a contundente Mensagem de um Planeta Perdido (Taiguara). Cerca de metade das canções é assinada por ele e parceiros; as outras, por autores como Luís Vieira, Isolda, Sílvio Brito, Peninha, Sérgio Reis, Tom Gomes/Luís Vagner e Belchior (Todo Sujo de Batom). Ouvidos hoje, a uma distância de 40 anos, os álbuns revelam grande coerência.
*Jornalista, crítico musical e colunista do 2º Caderno
ANTONIO MARCOS
Vol. 1 (1967 – 1972)
Caixa com quatro CDs, Discobertas, R$ 79,90.
ANTONIO MARCOS
Vol. 2 (1973 – 1976)
Caixa com quatro CDs, Discobertas, R$ 79,90.