O auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina, considerado uma obra-prima de arquitetura assinada por Oscar Niemeyer, não foi a única obra de arte a sofrer graves danos no incêndio da tarde de ontem. O prédio abrigava uma tapeçaria criada pela artista Tomie Ohtake. A obra, que mede 800 m² (70 metros de largura), ocupava toda a parede lateral interior do Auditório Simón Bolívar, onde o fogo surgiu.
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A peça foi concebida em 1989 especialmente para o espaço, a convite de Niemeyer na ocasião da inauguração do conjunto. Conforme o diretor-presidente do memorial, João Batista de Andrade, a obra pode ser recuperada, pois a instituição tem os desenhos originais da artista. Segundo ele, o Memorial tem seguro de todas as peças artísticas do local.
O prédio também abriga uma das últimas obras feitas pelo artista Alfredo Ceschiatti, Pomba, um pássaro fundido em bronze que estava na curva da rampa do foyer espelhado do auditório. Concebida como uma mensagem de paz para todo o Continente, tem 2,2 metros de altura e envergadura de 3 metros.
Até as 21h de ontem, não havia informações precisas sobre o estado dessas obras nem outras que estão no local. Mesmo os trabalhos que escaparem das chamas poderão necessitar de restauração própria para situações de exposição à fumaça e água.
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O acervo do Memorial da América Latina está distribuído em vários edifícios que formam o complexo, ao longo de uma área de 84,4 mil m². Tanto ao ar livre como no interior das construções, estão obras de arte de artistas renomados no país. O próprio Niemeyer indicou as obras e locais nos quais deveriam ser expostas, muitas delas encomendadas especialmente para o Memorial.
O grande trunfo da coleção é o enorme painel Tiradentes (1949), um dos trabalhos mais importantes de Cândido Portinari. A pintura possui mais de 17 metros de largura e três de altura, e se encontra no Salão de Atos Tiradentes, em um local afastado do incêndio. A Galeria Marta Traba de Arte Latino-Americana, com uma área de exposição de 1.000 m², também não foi afetada.
Entre as esculturas ao ar livre no conjunto arquitetônico, estão trabalhos assinados por grandes nomes como Grande Flor Tropical, de Franz Weissmann, e Integração, peça de mármore branco de Bruno Giorgi.
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O Pavilhão da Criatividade guarda um dos acervos de arte popular mais importantes do país, proveniente do México, Guatemala, Equador, Peru, Paraguai, Bolívia e Brasil.