Representada pelo seu diretor de marketing, o ex-jogador Renan Dal Zotto, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) apresentou na manhã desta quinta-feira os resultados da auditoria da empresa PriceWaterhouseCoopers (PWC) sobre os contratos colocados em xeque após denúncias da ESPN Brasil sobre a gestão do ex-presidente Ary Graça.
Continua depois da publicidade
Renan confirmou a existência dos documentos e pagamentos a ex-dirigentes da entidade, falou em valores, mas disse que prefere esperar os advogados se pronunciarem sobre aspectos como moralidade e legalidade, o que não tem prazo para acontecer. Ele também se disse tranquilo em relação à continuidade dos atuais patrocinadores, como o Banco do Brasil, de onde provêm a maior parte dos recursos da CBV.
– Nossos contratos com patrocinadores são perfeitos. Eles continuam conosco, pois estão acreditando que esse momento pode ser importante para mudar o cenário. Erros serão consertados. Esse é o nosso lema daqui para frente – afirmou Renan.
Uma das empresas questionadas foi a S4G Gestão e Negócios, de Fábio Dias Azevedo, diretor geral da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), presidida por Ary Graça. Renan afirmou que a empresa recebeu 2,9 milhões. O contrato foi rescindido em 30 de julho de 2013.
– Houve um contrato de assessoramento e planejamento. A empresa existe e prestou serviços à CBV em vários eventos. O problema é que havia um braço de assessoramento e planejamento, em torno do qual foi firmado um contrato de 10 milhões de reais em cinco anos. A Auditoria verificou a exstência do contrato e concluiu que foram pagos dois milhões por ano. A CBV desembolsou esse valor – afirmou Renan.
Continua depois da publicidade
Outra empresa denunciada, a SMP Logística e Serviços, também tinha um contrato no valor total de 10 milhões de reais. De acordo com Renan, foram pagos 2,9 milhões de reais até outubro do ano passado. Atualmente, o contrato está suspenso. As denúncias levaram à renúncia do dono da empresa, Marcos Pina, ex-superintendente geral da CBV, que deu lugar a Neuri Barbieri.
Nesta quinta, nova reportagem da ESPN afirma que a CBV contratou o Escritório de Advocacia Valmar Paes, do pai do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, para prestar “assessoria jurídica”. Os gastos teriam subido 635% depois de 2011, passando de R$ 562 mil para R$ 4.130 milhões em 2012. Renan disse desconhecer esses valores, mas prometeu apuração.
Como resposta à desconfiança em relação à sua gestão, a CBV assinou nesta quinta-feira um contrato com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) no valor de 1,95 milhão de reais, válido por um ano, e dividido em 12 parcelas, para estabelecer um novo modelo de gestão da modalidade. O documento que formalizou o acordo foi assinado por Neuri e pelo diretor técnico da FGV, Ricardo Simonsen.
– Quando Neuri me convidou para ajudar nesse processo, definimos com o presidente Toroca (da CBV) que tínhamos de iniciar uma busca por melhores práticas na gestão e governança para utilização de verbas públicas e privadas. Queremos conquistar maior credibilidade junto às instituições do mercado em que atuamos, já que estamos um pouco abalados pelos recentes acontecimentos. Chegamos à conclusão de que o melhor parceiro seria a FGV – afirmou Marco Tulio Teixeira, empresário e diretor técnico da CBV.
Continua depois da publicidade
Em nota divulgada ao LANCE!Net após a realização da coletiva sobre os resultados da auditoria, Ary Graça voltou a afirmar que todos contratos assinados em sua gestão são legais.
– O Presidente da FIVB, Ary Graça, tomou conhecimento do resultado da auditoria realizada pela CBV e reitera a legalidade dos contratos firmados durante sua gestão. O dirigente também acredita que as questões ainda pendentes serão esclarecidas no âmbito administrativo da CBV – diz o texto.