A crise na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), motivada pelos bloqueios ao orçamento da instituição, foi alvo de uma audiência pública na tarde desta segunda-feira,16, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).

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A reunião durou quase quatro horas e contou com a presença do deputado federal Pedro Uczai (PT), dos deputados estaduais Jessé Lopes (PSL) e Neodi Saretta (PT), além da deputada estadual Luciane Carminatti (PT), que propôs e coordenou a audiência. No total, mais de 1 mil pessoas estiveram no encontro, segundo informação do gabinete da parlamentar.

A vice-reitora da UFSC, Alacoque Lorenzini Erdmanne, e representantes dos estudantes, dos professores e servidores da instituição também participaram do encontro.

Entre os encaminhamentos da audiência na Alesc estão o pedido para que a bancada federal catarinense, composta por 16 deputados federais e três senadores, cobre a restituição dos valores bloqueados do orçamento da UFSC de 2019 e também a manutenção desse valor na previsão de gastos de 2020 – ano em que a verba de custeio deve ter queda de 40%, segundo a proposta inicial do governo. Os pedidos serão entregues via ofício à bancada parlamentar e também ao MEC e à presidência da República.

Críticas ao Future-se e ao teto dos gastos

Durante as falas da reunião, o deputado federal Pedro Uczai defendeu a revogação da PEC do Teto dos Gastos, que restringe os investimentos públicos e afeta áreas como a educação pública, e manifestou apoio aos estudantes que estão em greve.

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A vice-reitora da UFSC, que está no comando da instituição durante viagem do reitor Ubaldo Cesar Balthazar, relembrou os bloqueios que exigiram mudanças por parte da administração da universidade e defendeu a necessidade de liberação de recursos pelo governo federal.

— Estamos implantando medidas que possam minimizar os prejuízos e garantir o funcionamento da nossa instituição — destacou.

O presidente da Associação de Professores da UFSC (Apufsc), Bebeto Marques, detalhou o projeto Future-se, defendido pelo governo federal como forma de financiar atividades de universidades federais, criticando a proposta e afirmando que a administração de organizações sociais poderia representar interferência no sistema de ensino e reduzir o investimento público em ciência.

— O que o governo quer não é um programa, mas uma reforma universitária. Ele quer transformar o atual modelo baseado na pesquisa, ensino e extensão e em seu lugar construir um sistema baseado na prestação de serviços para apenas um setor da sociedade, que, ainda que inegavelmente importante, se volta apenas ao lucro. Isso implica uma possível mudança na mentalidade da universidade. Da coisa pública para o modo de pensar universidade como se fossem empresas — avaliou, sustentando que o papel da universidade é ensinar cultura e produzir conhecimento científico, e não adotar uma postura empresarial.

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