Uma audiência na tarde deste domingo (8) colocou governos do Estado e Federal diante dos indígenas de José Boiteux, que vivem na reserva Terra Indígena Laklanõ Xokleng, onde está localizada a maior barragem de Santa Catarina. Um impasse histórico entre os envolvidos por conta do assunto ganhou um novo capítulo com a enchente registrada no Vale do Itajaí nos últimos dias.

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De um lado, o Estado queria fechar as duas comportas da estrutura, amenizando assim o impacto da cheia para a região de Blumenau. De outro, os povos originários pediam, em troca, o cumprimento de medidas para compensar as consequências da inundação (veja abaixo), já que a terra indígena é alagada. O impasse resultou em tensão e conflito depois do envio de policiais ao Alto Vale para garantir o fechamento da barragem, algo que ocorreu na tarde deste domingo.

Na audiência, o juiz Vitor Anderle determinou que o Estado faça um cronograma em até 10 dias de como vai cumprir a promessa de melhoria e desobstrução das estradas e construção de casas para as famílias afetadas pela inundação e que o Ministério Público Federal apure as circunstâncias do confronto ocorrido neste domingo.

O que está por trás do conflito que afeta a operação da barragem de José Boiteux

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Além disso, o magistrado ressaltou que os indígenas têm de respeitar os trabalhos na barragem, mas que o Estado precisa em até 24 horas mostrar laudo ou estudo técnico que mostre haver segurança e aponte as consequências da operação em relação à comunidade e os demais habitantes da região do Vale do Itajaí.

Os líderes têm ainda dois dias para fazer novas solicitações, caso considerem pertinente depois do fechamento das comportas. Por último, o juiz pediu diálogo sempre.

Ações de mitigação por conta do fechamento da barragem

  1. Desobstrução e melhoria das estradas;
  2. Equipe de atendimento de saúde em postos 24 horas;
  3. Três barcos para atendimento da comunidade;
  4. Ônibus para atendimento da comunidade até a cidade;
  5. Água potável na aldeia;
  6. Fornecimento de cestas básicas;
  7. Novas casas a serem construídas para as famílias que terão os imóveis inundados.

Obras de compensação histórica previstas

  • Abertura e macadamização de estrada com 12 quilômetros, ligando as aldeias Sede e Toldo;
  • Melhoria da estrada que liga aldeia Bugio a José Boiteux;
  • Elevação de ponte sobre o Rio Platê;
  • Construção de ponte pênsil sobre o o Rio Hercílio, em local viável técnica e financeiramente;
  • Construção de 10 casas destinadas à aldeia Toldo, da etnia Guarani;
  • Construção de escola com 285 metros quadrados;
  • Construção de duas casas de pároco;
  • Construção de unidade sanitária;
  • Construção de um campo de futebol.

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Correção

Até as 12h10min desta segunda-feira (9) o texto dizia que os indígenas pediram, inicialmente, o cumprimento das obras que são aguardadas há anos. Na verdade o pedido inicial ao governo foi apenas por medidas que amenizassem o impacto da cheia na comunidade, que fica alagada.

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