Ao todo 559 bailarinos se inscreveram na primeira audição deste ano para bolsas de estudo da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, que ocorreu nesta segunda-feira, na sede da instituição em Joinville. O número superou o do ano passado, que foi de 444 inscritos, e atingiu o maior número de inscrições em audições do mês de julho, que ocorrem todos os anos, durante o Festival de Dança.

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Durante as etapas da audição, que avaliam a técnica, a condição física e o perfil dos candidatos, a fisionomia dos bailarinos vai mudando. Tranquilos, apreensivos, tristes, eufóricos. O humor varia a medida que avançam nas etapas. David Gabriel, 13, não escondia a alegria ao saber que havia passado para o próximo exercício, na etapa técnica da audição. É a primeira vez que o menino de Belém, no Pará, participa da audição do Bolshoi.

O garoto que se encantou com o balé por causa do filme Billy Elliot – que conta a história de um menino obrigado pelo pai a treinar boxe mas, apaixonado pelo balé, resolveu fazer uma aula experimental de dança, gostou e resolveu seguir a arte.

– As bailarinas da minha escola participaram do Festival no ano passado, mas eu não tive condições financeiras de vir – contou ele.

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Segundo o menino, neste ano a família ajudou e ele conseguiu participar. Gabriel compete na categoria de dança clássica.

Vindo de terras mais distantes que a de Gabriel, o francês que mora em Lisboa, Oderic da Luz, 14, também participa pela primeira vez da audição do Bolshoi. Bailarino desde os seis anos de idade, o menino já participou de algumas audições em diferentes lugares do mundo, como Londres, Paris, Lisboa e agora no Brasil.

Antes de vir ao País, estava pensando em desistir da dança por causa da falta de incentivo. Mas os pais e o professor particular de Oderic fizeram com que ele não desistisse.

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– Em Lisboa, tenho um professor russo que conhece o Bolshoi – conta. Foi esse professor que o incentivou a participar da audição.

Passava das 10 horas quando Oderic entrou na sala para fazer o primeiro teste, na barra fixa. Minutos depois, saiu e seu nome não foi selecionado para as próximas etapas.

– Não tem problema. Mesmo quando não é aceito na audição, sabemos que é importante tentar. É o melhor meio de saberem se é isso que querem – afirma Paulo da Luz, pai de Oderic, que o acompanha no teste.

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À tarde, o francês irá participar da audição para dança contemporânea.

Bolshoi já realizou 103 audições

Em 14 anos, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil já realizou 103 audições. Neste ano, a seleção de bailarinos será para dois cursos, o de dança clássica e o de dança contemporânea. A audição de julho, que acontece ao mesmo tempo que o Festival de Dança, é voltada aos bailarinos entre 12 e 17 anos, que já tenham conhecimento em dança. Em outubro, ocorre nova audição para os bailarinos sem experiência.

Segundo Sylvana Albuquerque, que coordena a audição, não há um número fixo de bolsas.

– O número de vagas vai de acordo com o que os candidatos apresentarem – afirma.

O processo é dividido em três etapas eliminatórias. Na primeira, é avaliada a técnica dos candidatos, o equilíbrio, musicalidade e elasticidade. Aprovados nessa etapa, os candidatos passam para avaliação fisioterápica, para avaliação muscular, de articulações e de postura.

– A gente tem que avaliar se as articulações do bailarino são aptas para este tipo de dança – explica Fabiana Machado, fisioterapeuta coordenadora do núcleo de saúde do Bolshoi.

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– Às vezes as pessoas ficam chateadas se não passam, o que não quer dizer que elas não tenham saúde, mas que provavelmente nesta técnica de dança elas teriam lesões.

A última etapa da audição é uma entrevista para conhecer o perfil do bailarino.

– O que a gente percebe no decorrer dos anos é que a qualidade dos candidatos que procuram a escola tem aumentado. Eles têm se preparado mais – afirma Sylvana.

O resultado das audições será divulgado nesta terça-feira, 29 de julho, no site do Bolshoi (www.escolabolshoi.com.br) e em edital na Feira da Sapatilha.

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