Salários atrasados e sem esperança de conseguir se manter, o Figueirense aprovou o contrato de parceria para que seu principal produto, o futebol, fosse gerido por uma empresa. Além de time competitivo, a promessa é que as dívidas seriam sanadas, que não haveria mais balanço negativo. Quase dois anos depois, se não for idêntico, o cenário é semelhante.

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Em 7 de agosto de 2017, o então presidente do clube, Willfredo Brilllinger, deixou a sala em que o Conselho Deliberativo do Alvinegro estava reunido para anunciar a novidade aprovada por 85 votos a favor e dois contra: uma empresa era a responsável pelo futebol no dia seguinte e que o Figueirense voltaria à elite nacional para se juntar aos times de ponta.

– Eles assumem totalmente o departamento de futebol, e assumem todas as dívidas do clube. Todos os investimentos do clube será o grupo de investidores que vai fazer. Todo o futebol, da base ao profissional, será tocado pela empresa. Vai ser uma reformulação total. Vem com que tem de mais moderno em termos de futebol no mundo. Especialistas de fora do país vão trabalhar nesta montagem, estritamente profissional e moderna. Vão transformar o Figueirense em um clube de ponta – disse o então presidente.

Naquele ano, o Figueira atingiu a meta de não ser rebaixado, a mais possível de todas em agosto de 2017. Mas no ano seguinte, a manutenção na segunda divisão foi novamente o objetivo alcançado. Mais do que isso, o segundo semestre de 2018 apresentou um cenário que teoricamente não deveria ocorrer novamente, de salários atrasados e crise financeira. Foi ainda mais grave. As dívidas aumentaram. Conforme o balanço do ano passado, divulgado em abril deste ano, O déficit aumentou em R$ 43,1 milhões na soma entre os balanços do Figueirense Futebol Clube (associação) e Figueirense Futebol Clube Ltda. (empresa).

Um dos atrativos para que os conselheiros aceitassem a proposta da empresa para assumir o Figueirense era de que não haveria contas negativas. Conforme o balanço da Figueirense Futebol Clube Ltda., que expõe apenas a movimentação da empresa gestora, a temporada passada foi fechada com prejuízo de R$ 30,4 milhões.

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Somente neste 2019, os jogadores ainda têm um salário (CLT), o último, em aberto e dois meses de direitos de imagem. Atletas remanescentes de outras temporada, bem como funcionários, têm salários em aberto ainda de 2017 e 2018. Entre eles há jogador que tem um ano acumulado de atraso no pagamento de direitos de imagem.Jogadores de base acumulam 11 meses sem receber ajuda de custo, que tem o valor médio mensal de R$ 350 cada. A empresa gestora não tem depositado FGTS e funcionários demitidos neste ano não receberam suas rescisões.

Depois de entregar o cargo de treinador, pedir demissão, Hemerson Maria expôs que além de atrasos de salários, as perspectivas para o futuro breve não são das melhores. Como era há quase dois anos.

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